sábado, 13 de setembro de 2008

Grace finds beauty in everything.


Ontem aqui estava eu, fazendo uma tarefa do século 21 - organizando as músicas no computador - quando me deparei com uma música que me fez pensar um pouco.
Todo mundo sabe que há músicas que nos fazem lembrar de épocas, momentos da vida, coisa e tal. Bem, essa música, eu percebi ontem, me faz lembrar do tempo em que eu vivi no Japão, especialmente em Nagoya. Ela acabou me abrindo as portas para fazer um balanço do que foi a minha vinda pro japão, agora que estou prestes a completar um ano de vida nipônica. então vamos lá.
Quando surgiu a oportunidade, havia um grande número de pessoas que perguntava "quando você voltar, esse curso que você vai fazer lá, vai resultar em um aumento de salário pra você?" resposta: Não. Na verdade quando eu voltar não sei nem se terei emprego. Essas pessoas então me recomendavam fortemente a não vir para o Japão. Para elas o que vale a pena é aquilo que pode ser visto e tocado, são pessoas de pensamento extremamente pragmático e para quem a grana sempre fala mais alto. Respeito, mas não sou assim. Eu considero outras coisinhas também, como por exemplo, felicidade. E eu sabia que de alguma forma tinha me deixado cair em uma rotina besta e anestesiante em Brasília, não que eu fosse infeliz, não o era, mas sabia que podia ser muito mais feliz do que estava sendo. Então resolvi arrsicar.
E aqui no Japão eu tive mais sossego e tempo, aprendi coisas que não sabia e vi coisas que nunca pensei fosse ver. É tão legal quando a gente se pega vendo coisas que nunca pensou que fosse ver, como as grandes montanhas da China, os rios do Tibet os as ruas de Tóquio. Eu acho que esse é um dos segredos da felicidade das crianças, é que elas estão sempre nesse processo de conhecer, e as coisas são sempre mais coloridas quando as estamos conhecendo.
E assim, aqui no Japão, eu pude me centrar novamente, e ser mais feliz como queria ser. Mas é uma condição que independe do lugar onde se está, é que as vezes você precisa de um mudança lá fora pra ajustar as coisas cá dentro, não sei bem explicar. Mas o cotidiano não me deixa mais de mau humor e infeliz como deixava. Pelo contrário. É legal andar de bicicleta, ir ao supermercado, ficar em casa e ler um livro. É legal saber que no Brasil eu tenho tantas pessoas que gostam de mim, as mensagens de carinho que eu recebi e recebo ainda hoje, um ano após minha saída, são prova disso. Se eu vou ganhar um aumento salarial. Não. Mas ganhei coisas que aumento salarial nenhum no mundo poderia me dar, coisas que não se tangem com o corpo, ma com a alma. E quando eu andava de bicicleta, cedo da manhã, com casacos e luvas indo para a universidade, as vezes ouvia essa música no Ipod, e aí eu via como estava feliz da vida.
A música se chama Grace, do U2. Tentando traduzir e resumir a música ao mesmo tempo o Bono, autor da letra, tá tentando falar de um dos conceitos mais bonitos e difíceis do cristianismo, a graça. Em todas as religiões do mundo o conceito operante é o do Karma, que é mais ou menos você recebe aquilo que semeia, o mundo te devolve aquilo que você faz. Mas aí vem Cristo e diz, " não, façamos o seguinte, eu levo a culpa e você pode seguir, leve, de boa. Você não merece, mas pode ser feliz." Acho que é por isso que essa música acabou marcando meus dias no Japão, porque fala de uma felicidade que a gente tem mesmo sem merecer. A música diz "grace finds beauty, in everything" "grace finds goodness in everything" a graça encontra beleza em tudo, a graça encontra bondade em tudo. A rotina tá pesada? Sem problemas, porque "grace makes beauty out of ugly things."

Tay:

Hey, quanto tempo. eu li seu texto, quer dizer, eu acho que li seu texto, porque eu baixei da página da escola mas tava sem nome. O seu é um meio Memórias Póstumas? Se for eu li!






6 comentários:

César Mandelli disse...

Como eu imaginava.. você se encontra no paraiso né David? Pelo menos no meu ponto de vista! Sempre tive vontade de ir para o oriente mas nao possuo verba. Pelo menos eu to tendo uma noçao maior do que é o outro lado do mundo graças ao seu blog e suas noticias! Muito interessante mesmo! Estou com saudades... Alem do mais o senhor nao era so o professor que me fez gostar de historia... Mas tambem um otimo amigo! Abraços!

Thaís Batalha . disse...

São coisas assim David, que quando você lê, ou você ouve, você sente, ou sei lá o que, que te faz pensar, PUXA! Como tenho pessoas realmente boas ao meu lado. Você é uma ótima pessoa, foi um ótimo professor, eu sito sua falta, mas pensar em como você está feliz aí eu sinto uma grande felicidade e agradeço por você ter realizado esse seu sonho. E se caso você encontrar aí a mulher da sua vida e aquela coisa toda, venha, ao menos, se casar aqui, quero cantar no seu casamento!
Te adoro David!
Um super beijo

Koběluš disse...

Todo poético professor,
mas coberto de razão
Eu tb acho que esse "dia-a-dia capitalista" (mais capitalista, melhor dizendo) daqui de Brasília me corrompeu um pouco tb.
Mas acho que vida de professor é assim mesmo. A maioria dos professores gosta do trabalho mesmo tendo um salário não tão merecido.
Gosto muito do seu blog e gostei de saber que vc tb tem uma admiração pela cultura oriental.
Não desista de seus sonhos, tenho mt orgulho de ter sido seu aluno!
abraço sensei

t. disse...

uhsauhsauhsa
sim, esse é o meu texto.^^
Já tem nome agora ;P

A imagem da sua nova rotina é tão pacífica e tranqüila.. Você consegue se visualizar voltando pra cá e retomando a vidinha de sempre? Mas quem sabe nem vai ser assim.. quando a gente muda, o mundo tende a mudar junto, né?

Saulo. disse...

Fala Nego!
Bom saber que vc está realmente realizado...
Grande abraço!
saulo.

Unknown disse...

que bom ouvir sobre a sua alegria e suas redescobertas.... Mas quando vc volta hein?

Eu só queria te dar um abraço!!!