sábado, 28 de fevereiro de 2009

Retorno

Boas. recebi o intinerário da volta. Sintam o drama:

24 de Março - Saio de Osaka com destino a Frankfurt em um voo da Lufthansa. Voo dura 12 horas e 30 minutos. Chego em Frankfurt as 15:10, hora local.

24 de Março - depois de esperar por 7 horas e 25 minutos pego outro voo Lufthansa rumo a São Paulo. Voo por mais 11 horas e 50 minutos. Chego em São Paulo as 6:25 do dia 25, horal local.

25 de Março -Pego um avião da TAM (ai que meda!) as 8:30 da manhã, voo por mais 1 hora e 45 minutos e aí, finalmente, Brasília, as 10:15 da manhã do dia 25, depois de uma ano e meio.

Moderno?

Boas. Uma das coisas impressionantes sobre o Japão é a velocidade com que a modernidade chegou por aqui. Veja, mais ou menos 60 anos atrás o Japão tinha indicadores econômicos e sociais que não eram muito diferentes do Brasil, PIB equivalente ao da Nigéria. Hoje não se pode comparar esses países ao Japão em quase nenhum aspecto. Mas tudo tem um custo. No caso do Japão houve, no meu entender, uma fixação com o concreto. Nessa época do ano se pode observar pequenas obras em todos os cantos. É o fim do ano fiscal e as prefeituras precisam gastar o dinheiro. Assim o que mais a gente vê são pequenas concretagens aqui e ali. Parece que os japoneses relacionaram o concreto, as obras, a modernidade. Viadutos há aos montes. Roriz morreria de inveja. O que mata é que as vezes os japas perdem a noção das coisas. Veja por exemplo a única praia de Naha, capital de Okinawa. É essa praia da primeira foto. Pequena, é verdade, mas charmosa. Agora veja aí logo abaixo o que os japas fizeram com a única praia de Naha. Essa é a mesma praia, mas com a visão que se tem da areia. Construíram um viaduto. Um não, dois, estão construindo o segundo agora. Pode? Precisa? Não. Mas também não sei se houve protestos. É normal. Pela placa mostrando os patrocinadores da obra, com uma multidão observando embasbacada o viaduto multicolorido, parece até que os japas acham bonito. Sinal de modernidade. Será?

















quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Eles são americanos
















Boas. As fotos que você vê nesse post são de Okinawa - único lugar do Japão onde houve batalhas terrestres da Segunda Guerra. É o bunker do alto comando da marinha japonesa. As marcas na parede não são tiros americanos, são estilhaços de granada detonadas pelos soldados japoneses que se suicidaram quando o bunker caiu. Mais de 300 se mataram nesse bunker. Hoje mais de 60 anos depois da invasão americana, Okinawa é lar de mais de 8.000 mariners americanos.
Os americanos chegaram aqui bem antes. Em 1853 o Comandante Perry, com sua famosa "esquadra negra" chegou ao Japão e, com o poder de seus navios, obrigou o Japão, um país até então fechado, a fazer comércio com os Estados Unidos. Depois disso, já no século XX, invadiram Okinawa, jogaram duas bombas atômicas e governaram diretamente o Japão entre agosto de 1945 e abril de 1952. O general americano MacArthur era o Supremo Comandante do Japão. Qual é o resultado de tanta violência americana? Veneração. Os japoneses veneram os americanos.
O porquê disso, eu não sei, tenho algumas hopóteses, mas são só hipóteses. Mas acho meio patético ver tanta influência americana, de bandeiras a Brad Pitt vendendo celular. Por outro lado, os brasileiros não são muito bem vistos por aqui não. Mais de uma vez, enquanto conversava com a Monika na rua, fomos abordados por japoneses querendo saber se éramos americanos - talvez o fato de um preto e uma loira juntos falando em inglês os tenha levado a pensar assim. A pergunta vem com um sorriso, uma amabiliadade e uma cordialidade impressionantes, quando da resposta, bem, quando a Monika diz Polônia há uma surpresa e uma vontade de saber mais, quando eu digo Brasil, digamos que apatia é o mínimo que acontece. Eu sei que muitos dos brasileiros que por aqui vivem, se portam de uma maneira não muito civilizada, mas não acho que isso seja motivo suficiente para essa discriminacão do brasileiro. Acho também que há muita auto-reflexão a ser feita por nossa parte, porque quando vemos o noticiário percebemos que os brasileiros não são mais muito bem-vindos em vários cantos do planeta. Tenho cá também minhas teorias, mas fica pra outra hora. Há no Brasil 1,5 milhões de nipo brasileiros, resultado da imigração que ocorria enquanto os americanos jogavam suas bombas. Mas hoje, a impressão que tenho, é que os idolatrados são mesmo os americanos. Por essas e outras o primeiro ministro japonês se apressou para ir beijar a mão de Obama San. Pelo menos vai ser engraçado vê-lo beijando a mão do mulato. Em tempo, Hillary andou por aqui e disse que os soldados de Okinawa vão ser transferidos para Guam. Parece que, pelo menos militarmente, depois de 64 anos depois a invasão americana chega ao fim. Okinawa vai sentir falta dos seus invasores. afinal, eles são americanos.


Respondendo:

Kobelus: Pelo menos ele tá sabendo que é carnaval né?

Sarah: Semana que vem as férias melhoram, vou pras Filipinas, lá sim tá fazendo mais de 30 graus!

Larissa: Beijos!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

É carnaval


Boas. Então é carnaval! A minha viagem a Okinawa me possibilitou fazer uma coisa que eu não faço muito por cá: assistir televisão. Não que eu tenha deixao de ir a praia para ver os estúpidos programas que passam por cá (parece que aqui os programas conseguem ser ainda piores do que aí) mas no lobby do aeroporto, quando ia para Okinawa, eu assisti a famosa entrevista do ministro das finanças, completamente bêbado. Quando já estava em Okinawa li que o tal ministro tinha sido demitido, e li ainda uma declaração de primeiro ministro, pedindo desculpas e aceitando a culpa pela bebedeira do ministro. Esse caso me fez pensar na Inglaterra, e no Brasil.
Fez-me pensar nos ingleses porque foram eles, no século 17, que primeiro exigiram que os governantes prestassem contas de seus atos. Era o que eles chamaram de accountability. Antes o rei só prestava contas a Deus. Depois da Revolução Inglesa, tiveram de prestar contas aos súditos. Fez-me pensar no Brasil também porque tenho lido a luta que foi para que, finalmente, os deputados prestassem contas publicamente de alguns gastos que fazem. Mas em nosso país feudal, onde políticos constróem castelos e os súditos morrem por qualquer dois reais, a accountability não existe. Os políticos não se sentem responsáveis por nada.
O primeiro ministro japonês disse que era responsável porque sabia que o ministro tinha problemas com bebidas antes de nomeá-lo, mas achou que isso não seria um grande problema. O presidente do meu pais por sua vez, infelizmente nunca sabe nada. E não se sente responsável por isso. Até quando isso vai durar, eu não sei, mas também agora pouco importa afinal, é carnaval.

PS: O primeiro minsitro japonês - que vai cair até o fim do ano - vai ser o primeiro chefe de Estado a se encontrar com o presidente Obama na Casa Branca. Acho isso de uma ironia incrível, amanhã explico o porquê.

Respondendo: Raphael, obrigado.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

I undress myself and prohibit it


Boas. Antes de vir ao Japão o pessoal da embaixada me fez sentar em uma sala e assistir a um videozinho de uns 15 minutos sobre o país do sol nascente. Algumas coisas que eu vi no vídeo se provaram verdadeiras, apesar de inúteis, como o fato de no Japão você não precisar abrir a porta dos taxis ( o motorista abre com um botão), outras se provaram falasas, como por exemplo a informação de que no metrô é se deve ceder o lugar aos mais velhos, aqui a moçada não tá nem aí pra isso, a velharada que vá em pé mesmo se quiser. Mas o que mais me chamou a atenção mesmo foi o inglês. A japonesada é ruim de inglês. Eu não sei muito bem o porquê, mas encontrar placas em inglês cheias de erros gramaticais é comum, isso quando não se encontra uma placa como essa aí, em que a informação em inglês simplesmente não faz sentido. Essa placa eu achei no convés de um navio, entre as ilhas em Okinawa. E japonês, tá escrito que é proibido circular sem roupas (sem camisa, eu imagino) mas em inglês... "I undress myself and prohibit it" ou "eu tiro a minha roupa e poroíbo." Vai entender...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Voltei
















Boas. então, essas são as fotos do lugar onde me escondi por esses dias. Foi bom sair dos 3 graus de Otsu e ir para os vinte e poucos de Okinawa.
Para ir até Okinawa passei por Nagoya, e o pessoal lá fez uma festa surpresa pra mim. Um dos presentes que eu ganhei foi uma cueca, com um ursinho carinhoso desenhado no bumbum, do Renat. No outro dia pela manhã, eu ainda tomado pelo sono, peguei a primeira cueca que vi pela frente e coloquei, e óbvio que era exatamente a tal cueca de ursinho. Bem, no caminho do aeroporto eu me lembrei desse detalhe, e aí bateu o medo: e se o avião cai, vão reconhecer meu corpo com essa cueca ridícula? Eu sei que é um pensamento besta, mas eu juro que me aterrorizou o voo inteiro. Felizmente o avião não caiu, e eu me livrei do vexameNão que estivesse assim um calor tropical, mas enfim, já deu pra colocar uma bermurda e regata, ou seja, se sentir em casa. As praias por esse canto do mundo são muito bonitas também, com um mar bem azul. Okinawa também é mais barata que o resto do Japão. Fiquei hospedado em um hostel bem baratinho na beira de uma praia dessas. A noite minha diversão era conversar com um alemão nazista que está tentando imigrar para o Japão porque, segundo ele, a Alemanha está cheia de imigrantes, "irreconhecível" e muito "violenta." Eu não entrei muita na discussão com ele, porque não havia razão para isso. Ademais, sei que o conceito de violência de um europeu é bem diferente do conceito de violência de um brasileiro. Quanto aos imigrantes, bem, a Europa explorou e a África e a América por séculos, é responsável por grande parte da miséria nesses lugares (mas não a única responsável, nós também somos responsáveis por grande parte da nossa miséria) então nada mais justo do que receber uns tantos milhares de miseráveis por lá. Mas enfim, a viagem foi ótima, agora é descansar para encarar a maratona até as Filipinas no dia 03...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Surfando no pacífico


Boas. Hoje eu tirei o dia pra pegar umas ondas no pacífico. Surfei por várias horas, junto com os tubarões. Experiência fantástica. Depois coloco mais fotos do mar azul de Okinawa, beijos,

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Okinawa






Boas. estou de férias em Okinawa. Okinawa para quem não conhece é uma ilha bem pequenininha, que nem aparece direito no mapa. Acho que é o único lugar do Japão onde não se pode ir de trem. Tive de pegar um voo de 2 horas e meia para chegar aqui. E eu que reclamava da gol, da TAM, pois bem, as Air Nippon Airlines ANA, me fizeram o favor de servir durante todo o voo um copo de chá verde, e isso foi tudo. O clima aqui é bem diferente do clima do resto do Japão, nessa época do ano, a mais fria, fica em torno dos 20 graus, o que pra mim, nessa altura do campeonato, já tá de bom tamanho. Depois mando mais notícias de Okinawa, beijos.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Em casa que falta pao...

Boas. Li spbre um bate-boca interessnte ai no Brasil- Lula e Paulo Renato. Aparentemente o Lula disse nao entender como o estado mais rico do Brasil tem 10% de analfabetos, e o Paulo Renato tomou as dores do grao-tucanato. Sujo e mal, bem mal lavado.
Eu nao sei o que os tucanos estao fazendo ou deixando de fazer em materia de educacao em Sao Paulo. Mas sei o que ja fizeram. Vejamos o exemplo do que fez o Sr. Paulo Renato quando era ministro da educacao com as escolas tecnicas. No Brasil existiam escola tecnicas que eram muito boas. Juntavam o ensino teorico - do giz e quadro - com o empirico - o pratico. As escolas tecnicas eram publicas, financiadas com verba federal, pensadas para atender as parcelas mais pobres. Mas as escolas, porque eram em tempo integral, com professores bem remunerados, eram boas demais, eh claro que a classe media quis tambem. Como a procura era grande, surgiram provas de acesso a essas escolas. Com as provas surgiram tambem os cursinhos preparatorios para essas provas, que eh claro os mais pobres nao conseguiam pagar. Logo a escola, que era para ser uma boa escola publica para os pobres, se tornou uma excelente escola publica para os ricos. Mr. Paulo Renato, vendo tudo isso pensou ` isso nao tah certo` e teve uma ideia brilhante - dissociar a parte pratica da teorica. AS escolas tecnicas a partir do governo Fernando Henrique passaram a ser mais tecnicas, porque segundo a logica do Paulo Renato os mais ricos nao iriam querer uma escola que nao preparasse para o vestibular. E deu certo. Os ricos nao quiseram mais as escolas tecnicas que ficaram para os pobres. Eh claro que era uma escola sem qualidade, mas isso nao interessa interessa? claro que nao, afinal sao pobres! Ou seja, trocando em miudos, tinha uma galinha que colocava ovos de ouro. Mas uns homens maus pegavam os ovos de ouro antes do dono da galinha... Ao inves de impedir que os homens maus pegassem o ovo, o seu ministro Paulo Renato resolveu matar a galinha! Genio, neh nao?
E o Lula... Eh muita cara de pau um presidente tentar usar o indice de analfabetismo de seu proprio pais, que por sinal eh uma vergonha, contra um adversario politico. ELE EH O PRESIDENTE! O governo federal deveria tentar equlizar a educacao no Brasil, que eh uma vergonha. DE acordo com o relatorio Oxfam, a regiao nordeste tem indices educacionais iguais aos PIORES paises africanos... Enquanto a regiao sudeste, onde esta Sao Paulo, tem indices iguais aos da Coreia do Sul, um dos gigantes da educacao atualmente..
Para finalizar, tanto tucanos quanto petistas ainda gostam de encher a boca para falar dos numeros da educacao no Brasil, dizendo que o pais esta alcancando a meta de ter todas as criancas na escola. O que os falastroes nao falam eh que o Brasil tem um dos maiores indices de desistencia escolar do MUNDO. Metade das criancas que comecam, nao terminam o ensino basico. Adianta isso? Nao. Os politicos falam isso? Tambem nao. A pergunta que fica eh, porque as criancas do BRasil desistem de estudar? Bem, vou deixar voces pensando, esse post jah ficou muito grande, amanha, ou depois eu tento responder a essa pergunta... POr enquanto fica o ditado, em pais que falta educacao, todo mundo briga e ninguem tem razao...Besos,

PS: Hoje tah sem nenhum acento porque to em um outro computador, e computador japones nao tem acento...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

The Gym

Boas. Sei que ando escasso, mas sabe coo é, muitos afazares, muitas pesquisas... Hoje mesmo resolvi pesquisar um ambiente que até então não tinha frequentado: a academia de ginástica. POis é, pensei, como será um academia de ginástica no Japão? Muito japonês marombado? Bem, não me interessa, mas muito me interesseva ver como era, como se vestia, uma rata de academia japonesa. Hum, uma japinha de academia, taí um bom tema a ser pesquisado. E lá fui eu.
Pra começo de conversa aqui existem as academias comunitárias, do bairro. Comparando com o Brasil são um pouco melhores do que a média de uma academia brasileira, mas não chega a ser uma super academia de última geração. O prédio é gigante, porque engloba todo um centro esportivo, com piscinas aquecidas, quadras, salões de dança e a parte da academia. Outra facilidade é que você pode pagar por mês, por volta de 16 dólares, ou por visita, 3 dólares. Eu comprei uma entrada única. sabe como é, era só uma pesquisa rápida... Também não tem aquela encheção de saco de exame médico, isso e aquilo, você entra, vai pro vestiário, coloca seu tênis, pega uma toalhinha que eles dão pra limpar os aparelhos e manda bala. Bem, eu fui todo animado, pronto pra conhecer as japonesinhas marombeiras quando, de repente, não mais que de repente, ao entrar na academia, vejo que a mais garota do recinto devia ter uns 70 anos. Putz, só tem velho... Descobri o segredo da longevidade dos japinhas, os velhinhos são todos marombeiros. Bem, já que eu estava lá, resolvi aproveitar meus 3 dólares e malhar. Como tinha pelo menos a metade da idade de todos ali, sabia que ia ser o rei da academia, sabe como é, pegando mais peso, fazendo mais exercícios, isso aquilo...
Bem meis amigos, pra minha surpresa os velhinhos malham pesado. Pra começar tinha um senhor se apoiando em uma barra, igual aquelas de bailarina, que devia ter uns 100 anos, mas que estava fazendo alongamentos que eu não consegui fazer nem quando tinha 2 anos de idade. Olho pro outro lado e uma senhora de 234 anos de idade fazendo supino, outro de 134 na barra inclinada... Parecia um universo paralelo, um pesadelo, uma academia de ginástica da quinta idade. Depois de uma hora, desiludido com a minha experiência, peguei minha toalhinha e voltei para casa. Eu não sei onde malham as japinhas de academia do Japão, mas certamente não é nas academias comunitárias...

Pri: E aí, leu o relatório? É longo hein...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Peido disfarçometro

Boas. A gente reclama do Brasil de quando em quando, mas eu tenho de reconhecer que por vezes somos realmente muito injustos. É que o Brasil nos dá uma certa segurança. Bem, é claro que eu não estou falando de segurança no sentido que a palavra tem quando se junta com a palavra pública, não, não falo aqui de segurança pública, mas aquela segurança que a gente sente de que as coisas vão continuar.
É que depois de um longo e tenebroso inverno eu hoje fui ver o que acontecia por essas bandas daí. Assim de passagem vi um velório de vítimas de um acidente aéreo na amazônia, um deputado dono de castelo que diz que vai renunciar antes de ser expulso pelo partido para depois voltar e o Sarney presidente! Vê que coisa boa, se eu ficasse dez anos, vinte anos exilado sem qualquer forma de contato com o Brasil, ao voltar, acharia tudo do mesmo jeitinho, vai dizer que não dá uma seguramça? Claro que dá! A única coisa que me deixou um pouco triste foi o fato de eu ter nascido assim meio "bom caráter" e um pouco medroso. Porque assim eu não vou poder aproveitar de todas as benesses que meu país proporciona. Puxa, só poder ser preso depois de julgado em última instância, e no Brasil onde a última instância significa por baixo aí uns trinta anos... Ah, quantos delitos impunes eu poderia cometer...
Mas é assim mesmo, cada país tem suas entranhezas. Aqui no Japão por exemplo eu cheguei a conclusão de que a coisa mais estranha são mesmo as privadas. Fui fazer uma pesquisa socio-antropológica e descobri que as privadas são tão modernas porque os japoneses são muito envergonhados e vivem em ambientes pequenos. Assim eles temem muito os "barulhos"que a gente produz nos banheiros. No caso das mulheres, até o barulho do xixi caindo na água as deixam envergonhadas. É por isso que quase todas as privadas de locais públicos tem os botões com os barulhinhos. Normalmente é barulhinho de passarinho. Se você for produzir um "barulho" no banheiro, aperta o botão e um passarinho canta. No Brasil chamaríamos de "peido" disfarçometro.
Fico pensando se esses políticos brasileiros, Sarney, Lord Edmar, mais um ou outro ministro do STF, em vindo ao Japão, usariam o peido disfarçometro. Acho que não. Eles já não têm vergonha de mais nada...

Respondendo:

Kaka: BRIGADU

Cláudia: Na verdade meu aniversário começou no dia 04, com algumas pessoas do Brasil se confundindo com o fuso, passou por todo o dia 05 e terminou no dia 06 pela manhã, ainda dia 05 a noite no Brasil... Obrigado, beijos,

PRI: Pulou pro começo do século e lembrou do meu aniversário? Engraçado eu também ainda tenho em algum lugar uma foto, do começo do século, lembrança de aniversário de 15 anos de umas certas gêmeas... Se você realmente quiser ler o relatório, pode fazer o download aqui

Anônimo/Thay: Sim, tem de comprar meu presente!

Samara: O que eu disse foi que não se deve cobrar maturidade de um homem.... E não adianta emgambelar, eu quero PRESENTE!



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Fevereiro, 5

Boas. Hoje é o meu aniversário. Ontem eu estava me lembrando dos meus aniversários. Não esses agora, mais recentes, mas dos mais antigos. Estava a me lembrar dos meus aniversários quando criança. Sabe, quando eu era criança, essa data, 5 de fevereiro, não era uma data comum. Quando a gente é criança a impressão que fica é de que o mundo pára para que a gente comemore o aniversário. Há os preparativos, a roupa nova pra festa, os doces, o bolo, os convites para os amiguinhos... Aí chega o dia, enfeita a casa (mais recentemente o salão), corre daqui, ali. Então os convidados começam a chegar, os amiguinhos, trazendo presentes que eu desembrulhava com maestria nenhuma. Por vezes eu era sincero demais, confesso, como na vez em que uma tia me deu uma roupa quando eu esperava um brinquedo. Eu olhei pra ela e disse "não quero esse presente de cachorro não!" - e joguei a roupa longe. A minha reação foi um pouco exagerada, admito, mas era a idade. Não se pode exigir muita maturidade de um homem de 5 anos de idade. (bem, na verdade não se pode exigir maturidade de um homem em nenhuma idade).
Mas a gente cresce e as coisas mudam. O nosso aniversário vira um dia de trabalho comum. A gente não faz festa porque não há tempo, e se a gente não diz, assim meio por acaso, "ah, hoje é meu aniversário..." ninguém nos dará os parabéns. Quando a gente cresce o nosso aniversário vira um dia comum, aquela mágica que existia vai embora, e a gente percebe que aquele dia não foi feito pra gente, e que a gente não é especial coisa nenhuma, é só mais um entre os cinco bilhões de terráqueos na terra.
Então hoje eu acordei, peguei um relatório que precisava ler, e comecei o meu dia normal. Mas aí começaram a chegar os emails de um ou outro mais apressadinho do Brasil, que não esperaram a meia noite daí para me dar os parabéns. Também as mensagens no orkut, aqui e ali. De repente o telefone toca, e os amigos do mundo que fiz por cá começam a ligar: uma amiga da índia, outra do Sri lanka, poloneses, uma russa, um palestino, um quirquistanês, um holandês outro de bangladesh, mais emails, mensagens de alunos, ex-alunos, e no fim do dia vi que o meu relatório ainda estava ali, a ser lido, porque hoje era meu aniversário, e as pessoas que me amam não deixam que esse dia seja um dia qualquer para mim, nem me deixam ser um terráqueo qualquer. Eu acordei hoje com 33 anos. Mas estou indo dormir como a criança de 5. Obrigado, beijos.

PS: Isso não impede que vocês me comprem presentes e os entreguem em data e local oportuno!

Rafael: Um abração. quem sabe eu ainda não alcanço vocês.

Pri: Não vi não...

Kobelus: Obrigado, um abraço..

Chris: Hum, você me conhece mesmo, ah o parque da cidade... Mas tudo bem. Ah, em relação a Julia, é isso mesmo, faz sua parte aí poque neste relatório que eu tentei ler hoje há uma parte em que se diz que crianças que passaram pela pré-escola, e tiveram a devida alimantação, aprendem 40% mais na primeira série do que as outras...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sinapses perigosas

É engraçado como o cérebro da gente funciona né? Por vezes uma coisinha que a gente lê em um canto de jornal nos faz pensar em uma coisa que puxa outra coisa que acaba por nos levar a uma viagem quase que sem fim. Isso aconteceu comigo essa semana. A coisinha que li, foi a declaração de um parlamentar italiano, ainda por conta do caso do italiano do PAC. O parlamentar em questão disse que o Brasil é reconhecido por suas dançarinas, não pelos seus juristas.
Bem, confesso que, como brasileiro, minha primeira reação foi "mas que FDP!" Mas antes mesmo que eu chegasse a tanto, meu cérebro começou a fazer sinapses e afins, e aconteceu o dito processo de informações, aparentemente sem relações, que tomou conta de mim.
Primeiro lembrei-me de uma aula que aconteceu umas duas semanas atrás. O sujeito estava a falar dos prêmio nobel do Japão. Sabe como é, meu japonês não é lá essas coisas, e eu não consigo entender 100% do que eles falam, mas em determinado momento o cara falou que o Japão tinha 3 prêmios nobel. Eu me assustei e perguntei "mas só três?" e ele repetiu uma informação que eu, aparentemente não havia entendido bem "Kotoshi" - traduzindo - "esse ano." Aí para humihar ele perguntou "e o Brasil?" e eu disse, "nenhum" , e ele para humilhar um pouco mais, não, não estou perguntando esse ano, to perguntando no geral, ao todo", e eu retruquei "nenhum."
Depois dessa lembrança meu cérebro e levou a uma mais alegre. Há muito tempo atrás minha sobrinha me disse para procurar uns vídeos de um programa de humor novo, bem, para mim nivo porque quando eu saí do Brasil não existia, um tal de CQC. Eu esqueci desse troço, mas outro dia, atingido pela monotonia das férias, lembrei-me de procurar. O dito programa tinha vários vídeos no youtube, alguns de uma série que era um "teste de honestidade" Um sujeito ia andando pelas ruas das cidades e "perdia"uma nota de 50,00. A câmera ia filmando, mostrava que as pessoas viam claramente que a nota caiu do bolso do sujeito, e depois filmava a reação das pessoas, vai devolver a nota ou não. Bem, um dos testes foi em Brasília, ficou meio a meio, mas uma das pessoas que não devolveu foi um grupo de 4 policiais militares... No Rio, de umas cinco tentativas, só um velhinho devolveu a grana... A maioria esmagadora embolsou o dinheiro.
Por fim, seguindo as sinapses malucas, minha cabeça foi para um texto que li há um tempo atrás de um filósofo francês, Edgar Morin. No texto ele fala das sete coisas essencias que se deve ensinar para que as pessoas possam viver no século XXI. Uma das coisas, segundo o autor, é ensinar as pessoas a ver o auto-engano. Segundo ele o nosso cérebro, sempre ele, por vezes "mente" pra gente, para nos proteger, Aí constrói uma imagem da gente mesmo que não corresponde muito a realidade. Por vezes se esquece de fatos, ou os lembra de maneira mais favoráveis a nós...
Bem, sabe, eu acho que nós, como povo, sofremos um pouco isso. Na TV, nos livros, nas ruas, a gente pensa no Brasileiro como o povo alegre e trabalhador, terra das mulheres mais bonitas do mundo, das praias mais legais, da comida mais gostosa e do povo mais criativo. Um país que tem tudo para dar certo, mas por conta de uns políticos mal intencionados não vai para a frente. Eu acho que não é nada disso. Somos um povo como qualquer outro, tão criativos como os outros, tão trabalhadores como os outros. O tal teste só nos mostra que os políticos, como já sabíamos, são só o reflexo de nós mesmos,um povo que acha normal a desonestidade. Acho que o nosso problema é o auto-engano. Enquanto a gente não entender isso, não adianta. Enquanto confiarmos na nossa esperteza e no nosso poder de improvisação, na nossa "criatividade" vamos continuar sendo o que somos: um ods tantos países em "desenvolvimento." Paulo Prado já disse, cem anos atrás, que somos o povo mais triste do mundo, junção das 3 raças tristes, o português, o mais melancólico dos povos europeus, o africano, triste por estar escravizado longe de sua terra e o índio, triste porque sua terra foi destruídas e suas mulheres estupradas. A nossa alegria é só fachada, mecanismo de defesa. Enfim, ou o Brasil deita do divã e faz uma análise de si, ou continuará a produzir somente dançarinas, eufemismo empregado pelo parlamentar em questão para não dizer prostitutas. Precisamos de menos dançarinas e mais juristas, mais cientistas, alguns Nobel. Quando eu era criança diziam que o Brasil seria o país do futuro. Não é.


PS: Desculpem pelo texto longo e sério, mas enfim, tem dia que sai assim!

Respondendo:

Pri: É eu dei aula no EJA, sei bem como é...

Larissa: falei de vc hoje viu?

Flavinho: Obrigado pelo seu comentário, especialmente a última parte, de menos diplomatas Vi...