sábado, 26 de julho de 2008

O mar


Boas. Segunda feira foi feriado por aqui. Aliás o Japão tem muito mais feriados do que eu pensava. Mas eu sempre odiei esses feriados que caem em um final de semana ou quando você já está de férias. Feriado durante as férias é inútil, porque o feriado perde toda a razão de ser. Você pode argumentar que eu estou de férias mas outras milhares de pessoas no Japão não. É verdade. Mas eu estou preocupado com o meu feriado, não com o delas! Mas o motivo do feriado é interessante: Umi no Hi, ou traduzindo, dia do mar. Essa dada foi escolhida porque em 20 de Julho de 1876 o imperador Meiji regressou bem de Hokkaido, a ilha mais ao norte do Japão, aquela mesma em que o Lula esteve recentemente para o encontro dos poderosos do mundo.
A escolha da data aliás ilustra bem a reverência que os japas têm em relação ao mar e ao imperador. Aqui não se faz piada com nada relacionado ao imperador. Ele é sagrado. Eu sei disso mas não pude me conter em fazer um trocadilho infame na aula de japonês com o nome do príncipe. O príncipe que esteve no Brasil agora se chama Naruhito. Em japonês uma pessoa má é uaruihito. Bem, de brincadeirinha ao invés de Naruhito eu falei uaruihito, ninguém achou graça...
E o mar também é muito importante pra essa nação que é uma ilha... Eu nunca soube que se pode comer tanto tipo de algas marinhas por exemplo, todas sem gosto, diga-se de passagem. Eu nunca imaginei que se pudesse comer o peixe de tantas formas, seco, desidratado, fresco, semi-fresco, cru, cozido, frito, etc... Por isso coloquei essa ilustração do mar aí em cima. Essa figura é bem famosa aqui no Japão, pode ser vista em todos os cantos. Foi pintada por um sujeito chamado Kokusai, 54 anos antes do imperador Meiji voltar bem de sua viagem a Hokaido. O mas interessante é que essa ilustração não é sobre a onda, ou o mar, mas sobre o monte fuji, que se pode ver lá ao longe, e que por aqui também é sagrado, mas isso já é uma outra história...

PS: Ontem vi um dado interessante aqui. 32 pessoas morrem por ano no Japão vítimas de armas de fogo. Você quer saber quantas são no Brasil? Tem certeza? Bem, as estatísticas variam, algo entre 35 e 40 mil...


Respondendo:

Larissa: POde deixar que pra ter medo eu aprendo rápido!

Tay: Ar da graça em breve, Abril de 2009. Beijos!

Thatis: Hã? QUe filme é esse?? Bem, mas em relação a sua pergunta, conquistou sim, muralhas não eram o sufuciente para deter o Grande Gengis!!! Como assim, você não recebeu meu email????

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Quando as portas não giram


Boas. Eu, como qualquer outro ser humano, tenho várias características. Uma delas é que sou um pouco preguçoso, e odeio bancos. Não gosto mesmo. E olha que eu já trabalhei por um ano no Banco do Brasil, como diriam os mais antigos, concursado e tudo. Tinha uma brilhante carreira pela frente mas desisti ainda no primeiro degrau, escriturário. Nunca me arrependi dessa decisão.
Mas bem, eis que o fato de ser preguiçoso e não gostar de bancos me levou a uma medida extrema: sacar o equivalente a 5 meses de aluguel e pagar 5 meses de uma vez, poupando-me assim o trabalho de ir cinco vezes ao banco. Ao invés de cinco fui uma, ou seja, saldo de quatro. Ontem eu saquei a grana e coloquei na minha carteira, e só hoje a noite que eu me dei conta de um fato inusitado, eu estou desaprendendo a ter medo, o que pode ser muito perigoso quando eu retornar ao Brasil. Eu fiquei andando por aí com mais ou menos 2.000 dólares na carteira e não tomei nenhuma precaução. Mas hoje eu precisava ir ao banco...
Bem, o primeiro problema era que porque eram cinco meses eu não podia fazer o pagamento no caixa eletrônico, tinha de ir ao balcão e explicar... Explicar que eu tinha estado no banco no dia anterior(Mas de passagem, de carona com o meu sempai, então não conta como ida ao banco saca?) e tinham me dado um papel pra preencher, e que agora eu estava voltando com o papel e queria pagar cinco meses de aluguel. Enquanto pedalava até o Shiga Guinco, ou Banco de Shiga, eu tentava me lembrar como se falava "dinheiro do aluguel" em japonês. Eu me lembrava de que havia uma palavra só para designar o dinheiro do aluguel, e que essa palavra se parecia com uma outra em português.... qual era mesmo... espirro... eh, alguma coisa com espirro... e fui pensando, pensando, até que a bendida palavra veio a cabeça, era yaxin.(que me lembra atchin, que me lembra espirro!)
Quando entrei no banco, o ar condicionado já me deixou alegre. Peguei a senha, esperei sentado uns dois minutos e me chamaram. Falando bem pausadamente, consegui explicar em japonês que queria pagar cinco meses de aluguel, que ali estava o papel preenchido, coisa e tal. A moça me pediu um documento, passaporte, carteira de motorista, eu entreguei o meu certificado de alien, o "alien registration". Ela sorriu, tirou uma cópia, e me explicou que como o banco já estava fechando, aquele dinheiro só estaria disponível para o locador amanhã de manha. Eu falei, "dai jobo"o que quer dizer "ah! sem problema, tá de boa".Ela se levantou, me deu o recibo, arriscou um inglês e disse "ok", se curvou e voltou para o japonês dizendo "obrigada". E quem estava dizendo obrigado era eu.
Quando saí do banco percebi que meu problema não era com bancos. Era com bancos brasileiros. Entrei com minha mochila, não havia portas giratórias, não havia guardas, não tive de abrir minha mochila ou tirar a minha roupa. Por uma razão que eu não conseguia explicar, aquele banco não me considerava um ladrão até que eu provasse o contrário! Me considerava um cidadão...Quando as portas não giram, se abrem, você se sente gente, cidadão, não um ladrão.
Saí pensando, "feliz do povo que não precisa de portas giratórias" Brasil, Ê vida de gado, povo marcado, povo feliz?

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Laranjas





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Boas. Bem aí estão as fotos do último Matsuri que eu fui, em Kyoto. As ruas estavam lotadas, e eu não sou muito chegado em lugares lotados não. O matsuri também, pra mim, não tem muita graça, tem esses carinhos aí com lampadinhas e uns mané lá em cima tocando um sininhos. Além disso muito Gaijin, muito gringo nas ruas, porque Kyoto é kyoto, aí já viu né. Bom, mas o lado excelente da coisa foi que o meu professor levou a gente pra jantar antes do matsuri em um restaurante de ocomomyaky. Oconomyaky é uma das minhas comidas preferidas aqui, é tipo uma pizza/panqueca com frutos do mar e tudo mais que se quiser, e um molho especial. No Brasil a gente pensa que comida japonesa é só sushi e sashimi, mas a coisa vai muito além disso. Oconomyaky, tacoyaky, tempura, o
famoso yaksoba são bons exemplos disso.
Por falar em comida uma coisa me tem intrigado. Comprei laranjas, porque agora no verão laranjas geladas são uma boa. Eu me lembro que quando eu era muleque a minha mãe, na hora do jornal nacional, pegava uma bacia, enchia de laranja e ficava descascando e chupando, e eu ficava quase sempre no chão, ao lado da bacia, pra pegar também umas laranjas que ela ia descascando. Bem, a bacia era para colocar as laranjas, as cascas, o bagaço e as sementes. Pois é exatamente isso que me tem intrigado aqui no Japão, já chupei umas 16 laranjas e até agora nada de semente... Hum, estranho... Bem, vou indo nessa, esse calor me dá uma preguiça... Beijos,


Respondendo:

Deborah : Puxa pois é meu ibope tá abaixo, ó meu Deus, é o fim do mundo, que farei???

Luciane: É, é uma boa desculpa para ir para a Bahia TODAS as férias...

Larissa: 43? Hum tô começando a achar que são 46...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Um escândalo japonês






Boas. Algumas notícias do Japão. Agora tem um escândalo bem grande aqui. Na província de Oita um concurso para professores foi fraudado. Alguns candidatos compraram suas vagas por algo em torno de 20.000 dólares. Algumas coisas interessantes aí. Primeiro que no Brasil ninguém ia pagar 20.000 dólares pra ser professor. Professor de escola pública no Brasil precisaria juntar integralmente o salário de alguns anos pra coseguir isso, dependendo da região, talvez o salário da vida toda. A segunda coisa é que aqui também tem escândalo e corrupção. Aliás isso existe em todo lugar. A diferença é que aqui as pessaoas não perderam a vergonha ainda. Quando são pegos, dá pra ver na cara do sujeito que ele tá passando uma vergonha danada. Não raro a vergonha é tanta que o cara se mata. É que quando ele é pego numa dessas ele suja o nome da família toda. Aí o único jeito de limpar o nome da família e se matando. Pra ele não tem jeito, mas ele ainda pode limpar a barra dos familiares.No Brasil o cara assina mas diz que assinatura não é dele, é gravado em vídeo dizendo uma coisa mas diz que não disse. Ninguém tem mais vergonha de nada. Já era. Aqui o cara é humilhado mesmo. No Brasil, só se for pobre. Pobre pode por algema, andar de camburão, ter prisão filmada pelo Datena, ninguém fala nada. Rico não. Cacciola, um fugitivo da polícia, ganhou o direito no STJ de não colocar algemas e de não ter sua chegada filmada... Pra quê né? Afinal ninguém acha que ele vai fugir...
Outra notícia policial aqui no Japão é sobre um jovem que sequestrou um ônibus. No fnal ele foi preso e ninguém morreu. Mas o que chamou a minha atenção foi o fato de ele ter sequestrado o ônibus com um canivete. Fala sério né. No Brasil se o passageiro tirar um canivete pra sequestrar um ônibus o motorista tira um facão e corta a mão dele!
Bem, mas mudando de alhos pra
bugalhos aí em cima eu coloquei uma foto minha em uma paresentação aqui na universidade. No momento da foto esse cara que eu não sei quem é estava me apresentando. Era mais um daqueles momentos culturais que eu odeio. Aí eu ia tocar gaita. Toquei uma música bem velha, chamada tristeza do Jeca. Aí vocês podem ver a minha cara de quem vai aplicar mais um golpe do "vejam que belo exemplo de música popular brasileira..."
Ontem eu fui a Kyoto com meu professor e mais uns três alunos. Amanhã eu conto como foi, foi um matsuri, uma dessas festas tradicionais japonesas. Tem foto. Beijos,

David


Respondendo"

Deborah: Hum, nervosinha você hein. Cão que ladra não morde. Feliz 45 anos.

Luciane: Você e esse interior da Bahia... É verão, é inverno, não importa né, tá sempre aí!!


Lilovsky: Bem, beijos,

terça-feira, 15 de julho de 2008

Sobre idades e carne

Boas. Segunda feira, vindo de Nagoya, eu vi uma cena que emocionou. Pela primeira vez aqui no Japão eu realmente lamentei o fato de não ter minha máquina fotográfica comigo. O trem parou em uma estaçãozinha bem pequena, no meio do nada, e lá estava ela, linda, única, inabalável: a camisa do flamengo. No Brasil é normal ver milhares de camisas do mengão todas as segundas, isso porque o mengão sempre detona nas rodadas do fim de semana ( e nas do meio de semana também).Mas no Japão, em uma pequena estação do interior, confesso que não esperava...
Mas este fim de semana eu pensei muito sobre o tempo. Por várias razões. Pra começar tivemos aniversário duplo na minha família, meu tio e minha irmã. Meu tio, sempre que me escreve, me faz uma pergunta que eu não sei responder, tio, não sei, sabe como é? Minha irmã fez 45 anos no dia da queda da bastilha, e eu pensei que eu também devo tá velho pra já ter uma irmã de 45. Vejam que são 15 anos de diferença, mas mesmo assim... Bem, talvez não, afinal, forçando um pouco a amizade, minha irmã tem idade pra ser minha mãe!
Também tem a questão dos japas. É impossível saber quantos anos um Japa tem. A partir dos 18 até os 40 eles tem a mesma cara, de maneira que você não sabe precisar ao certo se a pessoa em questão tem 18 ou 40 anos. É incrível, mas é verdade. Depois dos 40 fica masi fácil, mas aí também quando chega nos 80 não se pode saber se a pessoa tem 80 ou 180, fica de novo nebuloso.
Eu, de minha parte, sinto que a idade já vem chegando. Apesar de todos aqui jurarem que eu tenho 25,ou menos, os sinais da idade já se podem fazer sentir. Vejam que ontem mesmo eu fui tentar dar mais um show de bola, mas, sem ter feito um pré-aquecimento adequado, no primeiro chute que dei com minha possante perna direita, senti uma fisgada no músculo da perna. Ainda tentei jogar por alguns minutos, foi o bastante para mal conseguir andar depois. Mas como tudo tem um lado positivo, quando fui a farmácia(desculpem, ainda não sei onde fica a crase neste computador) para comprar um gelol qualquer para passar na perna, tive de rapidamente consultar o dicionário para saber como dizer "músculo" em japonês. Aprendi que é kinniku. Comprei o gelol e voltei pensando pra casa. Ora, niku, em japonês, é carne. Kin, é ouro. Músculo então é a carne de ouro. Hum, no Brasil carne de ouro é filet, picanha, essas coisas. Dá pra sentir que japonês não entende nada de carne mesmo...

Respondendo:

Larissa: apelou? hum, não viu nada ainda...

Saulo: Mas que lua de mel longa essa hein... Pode tomar as medidas cabíveis e não cabíveis, eu apelo para o Gilmar Mendes, o defensor de todos nós mieráveis e despossuídos vítimas dos execessos policiais. Ele me arranja um habeas corpus na hora rapa!

Rafael: POis é, Parané ê...

Samara: Iludidos nada, isso é que é chance de realmente aprender sobre a verdadeira cultura brasileira, a arte do improviso...

Sarah : Pois é prima, mas como Romário minha carreira está marcada por várias fisgadas na panturrilha direita....

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A vida é a arte do improviso...








Boas. Ai vocês podem ver fotos da vizinhança. Da esquerda para a direita estão Mami san, Ayyumi san e Key san. Todos são vizinhos, Key e Mami moram no bloco do lado e Ayyumi mora no apartamento ao lado do meu, e todos são estudantes da Shiga Daigaku também.Convidei-os para jogar papo fora aqui em casa noite dessas, e aproveitei pra conhecer melhor como são os japoneses na intimidade. Cada vez me convenço mais que esse bicho gente é igual em todo lugar, com alguns detalhes aqui, outros ali, mas não tem jeito, gente é gente, e isso é bacana, é mais um argumento contra preconceitos e coisas do tipo.
Hoje teve uma festinha na faculdade para os estudantes de fora, quer dizer, para os koreanos, tailandeses, chineses, vietnamitas e eu. Eu adoro essas festas porque tem sempre muuuuuita comida. E os comes aqui são ainda melhores do que em Nagoya. Primeiro estacionei na mesa dos sashimis, concentrei-me no salmão, depois por um acidente da vida derrubei molho shoyo na mesa, aproveitei que ninguém estava olhando na hora, larguei o prato, e fui para outra mesa, onde dediquei-me aos sushis. Por um azar desses de festas, depois de ter ingerido meu décimo sushi, sempre alternando o de camarão com o de salmão, derrubei um copo de cerveja na bandeja dos sushis, novamente evacuei a área o mais rápido que pude e fui para a mesa dos pratos quentes, como sou chato e não como qualquer coisa, fiquei focado nos camarões ao molho agridoce. Dessa vez não derrubei nada, mas acho que fui um pouco grosso com um chinesinho que queria conversar comigo, o problema é que eu não estava para conversas, não estava ali de brincadeira, eu tinha uma missão que era comer o máximo possível das coisas mais caras...
Mas no Japão nada é de graça. E o pagamento é, "você tem de apresentar alguma coisa do seu país Dabi San..." Puz, eu já tô cansado de apresentar essas coisas do Brasil. Eu já estou ficando sem idéias. E olha que eu sou um enrolador profissional, um cara de pau assumido, como eu sei que aqui ninguém sabe nada de nada do Brasil eu invento qualquer coisa e digo que tá valendo, que é uma coisa muito tradicional do Brasil, coisa e tal. Outro dia na aula de japonês me pediram para eu ensinar capoeira, e eu claro, Vamos lá, "Paraná ê, Paraná ê, Paraná!"e aí ei tentei imitar aqueles passos de capoeira, e todo mundo na sala me imitando, e eu pensei "putz David, maldade fazer isso com os japas, eles tão achando que isso é sério, que isso é capoeira" só que fazer o quê né? Sabe como é, não tem tu vai tu mesmo...
Dessa vez eu fiz uma apresentação de bossa nova. Quer dizer , eles acham que eu fiz, porque a única música de bossa nova que eu sei tocar decentemente no violão eu não sei a letra toda, e também só sei tocar a primeira parte, então eu fiquei repetindo a primeira parte e cantando "longa é a arte, longa é a vida, de tristes flores na despeidida, longo é o jacaré na ilha.... querida..." A letra não é bem essa, mas eu esqueci, e eles também não sabem o que é um jacaré na ilha, então tá valendo...
É, e assim eu vou levando, afinal de contas, como diria Tom, a vida é a arte do improviso...

Respondendo:

Thatá: Bem, depois da minha apresentação de hoje acho que qualquer um agora pode cantar bossa nova no Japão...

Larissa: Que bom sobrinha! Fico feliz que o telecurso 2000 esteja fazendo efeito.Vou corrigir. Agora identifique os erros de paralelismo no texto acima! Não preciso dizer que foi ato falho né, que altruísmo só pode ser com l porque deriva do latim alter, que significa "outro", assim como alternativa, alteridade, e talvez a única das palavras que você conhece por exigência profissional, alter ego, o outro eu.

Déborah: Hum, abrassos é? Acho que não, tudo bem que as vezes para nós, poliglotas, uma confusão ou outra acontece, troca-se uma letra aqui, outra ali. Mas abrassos... Acho que nem você, uma monoglota que mal conhece a língua de Camões, cometeria um erro tão grosseiro!

rafael: Obrigado! Manda um abração para o seu avô!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Toda saudade é uma espécie de velhice












Boas. Hoje eu explorei de bicicleta umas partes da cidade que ainda não conhecia. E parece que a presença de brasileiros é forte nessa parte que eu não conhecia. Achei um supermercado que vendia leite ninho, creme de leite, polvilho doce - que eu pensei em comprar mas depois me dei conta que eu não sabia muito bem o que fazer com polvilho doce- leite moça, feijão pronto, feijão não pronto e fitinhas do senhor do bonfim. Também passei em uma loja de esportes onde pude perceber uns dois brasileiros, é que não tem jeito, eu aprendi a conhecer brasieliro aqui só no jeito de andar, sou praticamente um expert.
Mas fora isso coloquei aí as fotos dos meus dois professores voluntários. São voluntários mesmo, não ganham nada. O garoto é aposentado de uma usina nuclear e agora tá fazendo mestrado em educação, e se ofereceu para me dar aulas de história do Japão, pelo quadro vocês podem perceber que eu sofro um pouco. A garota é professora aposentada e se ofereceu para me dar aulas de coversação, a gente vai pra cafeteria conversa sobre a minha pesquisa e coisas em geral. Eles também sempre estão me levando pra conhecer um lugar ou outro, coisa e tal. Ela além de não ganhar nada, ainda mora em outra cidade, e gasta pelo menos uns 200 reais por semana pra vir até Otsu e ensinar a mim e mais uns dois vietnamitas e uma tailandesa.
eu fiquei pensando qual a razão de ser tão comum o trabalho desses voluntários no Japão, e o porquê de a recíproca não ser verdadeira para o Brasil. Acho que talvez uma das coisas que explique, é que o Japão é uma sociedade mais organizada, as pessoas, quando envelhecem, percebem que a sociedade e o Estado fizeram algo por elas, e talvez isso as motive a dar algo em troca. No Brasil, não precisamos envelhecer para notar que a sociedade e o Estado nada nos dão, e se possível ainda nos tirarão o pouco que temos, por isso talvez nos tornemos mais egoístas e consideremos o altruísmo uma espécie de "otarice." Quando envelhecemos, a única cois que temos a oferecer, é a saudade de tempos que parece que foram sempre melhores. É que, como disse Guimarães Rosa, "toda saudade é uma espécie de velhice".Mas quem sabe a gente também cosiga fazer da nossa velhice um dia menos saudade do que foi e mais ação para o que está por vir. Tomara.
Bem, esse post ficou filosófico demais, amanhã pra compensar eu coloco a foto que tirei de ontem a noite, quando meus vizinhos e vizinhas japoneses estiveram aqui pra gente jogar papo fora. Beijos, David.


Respondendo:

Lara: Pois é, já me falaram que essa modéstia é meu único defeito... heheheh, Beijos,

terça-feira, 8 de julho de 2008

Dia de ensinar: português e futebol.


























Boas. Segunda feira eu estive em uma escola pública que tem é vinculada a Universidade de Shiga, Toda vez que alguém da universidade quer testar alguma metodologia ou alguma nova técnica, essas crianças são as cobaias. Eu e Vungh, do Vietnã, fomos convidados a participar de uma aula de inglês, onde os convidados falam um pouco de seus países e ensinam algumas frases básicas em seu idioma. Essa é uma das matérias eletivas que os alunos podem escolher, e tinha misturados alunos de 4a 5a e 6a séries. eu comecei falando do Brasil, levei uma apresentação de power point aquela frescura toda que a gente já sabe. Depois o Vungh faou um pouco sobre o Vietnã, ensinei oi, bom dia, boa noite e tchau, terminei a minha participação. No fim, qual não foi a minha seurpresa quando os alunos fizeram uma fila para pegar os nossos autógrafos!! Hehehe, me senti uma celebridade, minha primeira sessão de autógrafos no exterior!! Coloquei aí uma foto do Vungh assinando o caderno de uma das crianças. Se vocês ampliarem a foto podem ver que o guri já tinha pego meu autógrafo..hehehe.
Nas fotos também tem o estudante japonês que vai a uma aula comigo e que serviu de guia, apresentou a escola e o professor, é que ele faz estágio lá. Também coloquei aí a foto de duas alunas. A da esquerda pega o tre, o ônibus e ainda anda por 20 minutos até chegar em casa. Ao todo ela falou que é mais de uma hora. e como ela são milhares de alunos que fazem isso, todo dia, e sozinhos. Nunca vi no Japão aquele famoso engarrafamento de pais na porta do colégio. Isso não existe. Ninguém busca filho na escola. a partir dos sete anos eles já vão e voltam sozinhos. Bônus que só pode ser sociedade onde a violência é exceção, não regra.
Ontem também eu achei um grupo de japas que joga bola lá universidade. Bem, as sete horas apareci na quadra, com a minha humildade, sabendo que o futebol é uma caixinha de surpresas mas confiando no meu potencial. O resultado não poderia ser outro, um show de futebol de minha parte, com gols para todos os gostos e dribles estarrecedores. é bem verdade que correr como eles, de sete as nove, não é fácil, mas ainda bem que meu preparo físico não está tão ruim assim e eu pude mostrar quem é que manda no futebol. Fora isso é engraçado jogar com eles, porque eles aplaudem todas as jogadas, ninguém briga quando o outro erra e todo mundo fica se incentivando. Enfim, meio boiola, meio time do são paulo, mas tá valendo. O que eu não consegui entender mesmo foi o zerinho o um deles, que aqui se chama go o te, e que até agora eu tô sem entender quem ganha ou quem perde...Outro problema foi o colete que para mim se tornou um top, mas tudo bem... Ah, no final ainda fui assediado por duas japas que perguntaram onde eu moro, minha idade e se eu ia voltar na semana que vem! Claro que vou ué, hehehehe.

gols marcados 9
assistências:25
desarmes:28
passes errados: 1 - Pô, mas também japonês é tudo igual!



Beijos e até!


Thatá: Beijos, de férias né?

Larissa: As pizzas ficaram ótimas, e não se preocupem, nao farei mais exposição da sua imagem, essa semana!

Brincando na escola




Aqui eu coloquei as fotos desses dois brinquedos que eu encontrei na escola. Um é o conhecido peão, que as crianças de hoje em dia, pelo menos as de classe media dos grandes centros urbanos, já não conhece mais. Tudo bem que esse peão aí é meio high-tech, no interior do Brasil os muleques fazem, ou faziam, sei lá, seu próprios peões, de preferência com a madeira da goiabeira se eu ainda me lembro bem. O outro brinquedo é mais tecnológico, usaram na aula de ciências, é um carrinho feito de plástico e movido a energia solar. Vale lembrar que se trata de uma escola pública...

domingo, 6 de julho de 2008

Pizza em Cuaibá









Boas. Fim de semana, ainda na esteira de comemoração da conquista LDU resolvi fazer uma pizza aqui em casa e chamar os amigos. A pizza ficou excelente, obrigado, mas realmente não dá mais para fazer pizza. É que essa época do ano o calor é insuportável, e com o meu forninho ligado então Esse ap ficou pior do que Cuiabá. É claro que tem o ar condicionado, mas aqui no Japão a gente evita ao máximo ligar o ar condicionado, por questões ambientais e econômicas. Sabe que esse negócio é tão sério que nas repartições públicas os funcionários são obrigados a não usar ternos e gravatas, para que o ar condicionado possar ficar no mínimo possível e assim economizar energia. Eu ligo o meu aqui em uma temperatura fixa, porque eu não sei mudar a temperatura, mas depois de uns dez ou 20 minutos eu desligo e assim caminha a humanidade o dia todo. Na verdade a minha consciência sobre como economizar energia não é o maior problema, mas a conta de energia no fim do mês sim.

Pizzas: Mussarela com pimentão, funghi com alho e chocolate com banana.

respondendo...

Jéssyca!! que bom que vc voltou!!! e as novidades? deve tá cheia de novidades né sabugosa??? beijos,

Sarah- Pois é, é o reflexo, lance de luz na hora da foto saca?

quinta-feira, 3 de julho de 2008

fotitos







Bem, para aqueles que estavam com saudades de ver o meu belíssimo sorriso aí estou eu, em um ensaio da revista kaô (caras em japonês), ou sera que isso é mais um KÔ? Bem, aí estou eu em momento relax no meu ultra espaçoso quarto em uma das fotos, perto da minha imensa cama giratória e em minha ampla cozinha mal planejada em outra. Mas o grande detalhe mesmo é o avental que eu comprei no Tibet... Ah minino!!!!!!É que eu fiz um jantar especial para mais de 500 convidados para comemorar a vitória da LDU na libertadores da América. Fico muito feliz pela vitória alcançada pelos nossos hermanos equatorianos, afinal eu sou um grande defensor de uma maior confraternização e irmandade entre nós das Américas latrinas.


Rafael; é isso aí, melhor não ser oposição mesmo não...
Thelma: Beijos maninha, foi bom falar com vc hoje.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O homem que degustou o próprio avô....

Boas. O calor está aumentando aqui na terra dos samurais. (aliás, por uma infeliz coincidência do destino samurai em japonês é bushi). O calor não seria um problema para um brasileiro, se não fosse tão úmido. E aí, para quem foi nascido e criado no deserto do cerrado, para quem já tem pele de calango e que nunca teve nariz sangrando com umidade 5%, essa umidade de 130% é dose.
Fiquei feliz com a aceitação que o meu nome teve para presidente do mundo. Houve algumas resistências, é claro, mas em geral os leitores (3 de 4) aprovaram minhas palataformas de governo. Gostaria de registrar contudo algumas pressões que venho sofrendo para não falar verdades. Pessoas têm me ameaçado via skype, orkut, email, tentando assim restringir um bem supremo que é a liberdade de imprensa. Especialmente a minha sobrinha Larissa e a minha prima Samara fiacaram, digamos assim, bem sensíveis, porque eu falei aqui que elas dançavam, e muito, as músicas do tchan. Mas eu tenho certeza que os leitores, todos os 4, me apóiam, e entendem que as meninas foram vítimas de um modismo de época, como em outras épocas rapazes imitavam o moonwalk do Michael Jackson e garotas sonhavam ingressar no "balão Mágico"(eu mesmo, confesso, era apaixonado pela Simony). Por isso Larissa e Samara, não se preocupem, todos sabem que vocês dançavam a boquinha da garrafa, tentendo imitar a Carla Perez, porque eram crianças (talvez, 6, 7 anos) e não sabiam o que faziam, era uma época em que vocês provavelmente só tinham em comum com a Carla Perez o fato de achar que Escola esrcreve-se com "I".
E sabem que eu falei aqui, no meu último post, dos velhinhos do Japão, e enquanto isso, no Brasil, morria um velhinho que eu gostava muito, o "tio Beija" já com seus 94 anos... Eu gosto de conversar com os velhinhos porque eles sempre têm um caso pra contar. E eles podem mentir sem pudor, porque já são tão velhinhos... O tio Beija tinha muitos casos. e gostava de contá-los. Lembro-me de quando ele me disse que uns tempos atrás foram até Corrente uns "homens da capital, Teresina, gente da universidade". E eu perguntei, mas o que eles queriam tio Beija? "queriam que eu mostrasse o lugar onde foi enterrado meu avô.."( é que o avô de tio Beija tinha sodo gente importante.) E o que o senhor fez tio Beija? "Ah, levei eles lá, onde eu achava mais ou menos que era. Eles ficaram cavucando aquilo lá (escavando) mas o sol tava quente eu entrei no carro e fiquei esperando lá dentro. Depois de um tempão um veio e me deu um troço na mão, eu achei que fosse chocolate, sabe né meu filho, tava com um fome danada, peguei aquele chocolate e coloquei na boca, aí o moço gritou "faz isso não tio beija" e eu disse, ué, mas não pode comer o chocolate não? e ele respondeu, "mas isso num é chocolate não tio Beija, a gente acha que é o que sobrou do seu avô..."
Bem meus queridos leitores, tio beija era o único homem que eu conhecia que tinha provado um pedaço do próprio avô. Gente boa, último representante de uma geração de contadores de caso fenomenal, junto com meu avô e os velhos Sadoque e Iran fazem as minhas lebranças de infância de uma rua baiana, de uma tal cidade Corrente, que só existe agora aqui, na minha cabeça, e nas cabeças de quem conheceu esses velhinhos e essas épocas, enfim, de um tempo que infelizmente não volta mais. Devem estar os 4 agora lá no céu finalmente juntos, rindo, comendo bejú, e contando causos... Beijos a todos, até amanhã.


respondendo

Thay: Obrigado pelo apoio, parabéns pelo concurso! Quando for presidente do mundo vou nomeá-la ministra das escrivinhações. (ué, se o Lula fiz ministério das cidades porque eu não posso fazer o das escrivinhações né?)

Sarah: Muito bem lembrado, hino do flamengo nas escolas pública, podemos manter o 15 de novembro como data nacional, só que agora ao invés de comemorar um república que não deu certo comemoraremos a fundação do clube de regatas flamengo, e retrato de Zico em todas as repartições públicas!

Rafael: pô bixo, você foi o único que não me apoiou.. Se for eleito vou te perseguir!

terça-feira, 1 de julho de 2008

Um novo sistema de aposentadoria

Boas. Hoje tive de acordar cedo, porque tinha aula duas da tarde. Na verdade não é bem uma aula, é mais uma conversa, na cafeteria, com a velhinha que me trouxe uma pedra radioativa de Hiroshima. Ela estava nos Estados Unidos e eu tive uma folga de 3 semanas, mas agora ela está de volta...Depois, tive de aula de história do japão com um jovem estudante de mestrado, bem, o jovem estudante tem 67 anos. Aí está uma característica interessante do Japão: os velhos trabalham, e muito. Você os pode ver enm todos os lugares. Acho isso legal, porque aqui esles vivem até os 200 anos, e é bom estar ocupado com alguma coisa. Na verdade eu tenho uma teoria, e um dia, se for eleito presidente do mundo, vou implantá-la. Na minha teoria, o sujeito deveria estudar até os 30 anos. Estudo que eu digo é o estudo formal, de escola, e até os 30 todo mundo deveria estudar compulsoriamente. Depois, é claro, o cara pode continuar estudando se quiser. Mas aos 30, o sujeito deveria se aposentar. Aí ele viajava, casava, via os filhos crescerem, jogava futebol com as crianças e ia comer pizza com os amigos. Aí então, quando o cara curtiu bem a vida, ele começa a trabalhar aos 60, até morrer. em um país como o Japão você estaria ferrado, porque você ia trabalhar até aos 200, mas enfim... Assim, ao invés de dar o melhor das nossas forças para uma empresa sugar, ao invés de dedicarmos o melhor da nossa juventude para a engrenagem do capitalismo, dedicaríamos as pessoas que gostamos, as nossas famílias, as nossas paixões. Bem, mas enquanto isso não acontece, aqui no Japão, eles trabalham muito na juventude, e na velhice. Aliás amanhã eu vou colocar uma foto do garoto que me ensina história do japão...

PS: Monika mandou um beijo a todos aí no Brasil, e mandou dizer para "os fãs dela" que ela está viva e bem.



Respondendo...

Thata: Bem, obrigado pelos 7 comentários, deu a impresão de que muita gente está lendo... E é melhor você não vir pro Japão cantar bossa nova não, como eu disse, eles gostam muito de bossa nova, e seria melhor que continuassem gostando....
heheheh, dei o troco.

Rafael: NÃO!!!!!!! desaprende a colocar as fotos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

hehehehe, um abraço,