quarta-feira, 9 de julho de 2008

Toda saudade é uma espécie de velhice












Boas. Hoje eu explorei de bicicleta umas partes da cidade que ainda não conhecia. E parece que a presença de brasileiros é forte nessa parte que eu não conhecia. Achei um supermercado que vendia leite ninho, creme de leite, polvilho doce - que eu pensei em comprar mas depois me dei conta que eu não sabia muito bem o que fazer com polvilho doce- leite moça, feijão pronto, feijão não pronto e fitinhas do senhor do bonfim. Também passei em uma loja de esportes onde pude perceber uns dois brasileiros, é que não tem jeito, eu aprendi a conhecer brasieliro aqui só no jeito de andar, sou praticamente um expert.
Mas fora isso coloquei aí as fotos dos meus dois professores voluntários. São voluntários mesmo, não ganham nada. O garoto é aposentado de uma usina nuclear e agora tá fazendo mestrado em educação, e se ofereceu para me dar aulas de história do Japão, pelo quadro vocês podem perceber que eu sofro um pouco. A garota é professora aposentada e se ofereceu para me dar aulas de coversação, a gente vai pra cafeteria conversa sobre a minha pesquisa e coisas em geral. Eles também sempre estão me levando pra conhecer um lugar ou outro, coisa e tal. Ela além de não ganhar nada, ainda mora em outra cidade, e gasta pelo menos uns 200 reais por semana pra vir até Otsu e ensinar a mim e mais uns dois vietnamitas e uma tailandesa.
eu fiquei pensando qual a razão de ser tão comum o trabalho desses voluntários no Japão, e o porquê de a recíproca não ser verdadeira para o Brasil. Acho que talvez uma das coisas que explique, é que o Japão é uma sociedade mais organizada, as pessoas, quando envelhecem, percebem que a sociedade e o Estado fizeram algo por elas, e talvez isso as motive a dar algo em troca. No Brasil, não precisamos envelhecer para notar que a sociedade e o Estado nada nos dão, e se possível ainda nos tirarão o pouco que temos, por isso talvez nos tornemos mais egoístas e consideremos o altruísmo uma espécie de "otarice." Quando envelhecemos, a única cois que temos a oferecer, é a saudade de tempos que parece que foram sempre melhores. É que, como disse Guimarães Rosa, "toda saudade é uma espécie de velhice".Mas quem sabe a gente também cosiga fazer da nossa velhice um dia menos saudade do que foi e mais ação para o que está por vir. Tomara.
Bem, esse post ficou filosófico demais, amanhã pra compensar eu coloco a foto que tirei de ontem a noite, quando meus vizinhos e vizinhas japoneses estiveram aqui pra gente jogar papo fora. Beijos, David.


Respondendo:

Lara: Pois é, já me falaram que essa modéstia é meu único defeito... heheheh, Beijos,

4 comentários:

Thaís Batalha . disse...

Sei lá, eu aprendo cada dia mais a viver por mim mesmo, e por mim eu vivo pra todos, você entende? Eu nunca tive incentivo, mas sempre foi o que me fez sentir bem, só Deus sabe o sentimento de fazer um trabalho desses, voluntário, meu lado pede mais crianças, mas esses MOÇOS aí, eles são gratos por viver em um país tão desenvolvido humanamente pelo que leio dos seus posts.
Sim, eu estou de férias, mas férias nessa cidade e nada dá na mesma.A diferença dessas férias é que minha vida tá uma loucura, a inflação é uma merda pra estudantes descapitalizados, e meu aniversário tá chegando! A, num vejo a hora de ir pro Japão, mas eu tava aqui pensando, eu num gosto de falar nem inglês, imagine japonês! Tô no sal!
Beijos saudosos

Unknown disse...

Tio, realmente esse post ficou filosófico! Mas aproveito pra te falar que se escreve "altruísmo", não pretendo te corrigir, jamais.... repeito os mestres!!! Beijocas

Unknown disse...

aumentei o quadro e vi seu autógrafo .só achei estranho os corações desenhados e abraços com dois ss. bjos

Dinofours disse...

falo bem david... falo muito bem. Mostrei até pro meu avô e ele te elogiou também.
vlw ae