sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

RECESSO

Boas. Bo, vou andar um pouco ocupado daqui ateh o fim do ano, entao noticias frescas agora soh no ano que vem!! Entao beijos e um feliz ano novo a todos!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

wesolych swiat

Boas. Natal!! Feliz natal pra todos por ai!! Bem, contino em varsovia, experientando o natal polones. Se voce tiver de regime, nao venha passar o natal por essas bandas de cah. Ha tantos paes, tantos doces, tantas carnes, que realmente nao da pra se segurar. O pai da Monika tah fazendo aqui agora um prato tipico, uma carne de caca, que estah sendo cozida em uma panela de ferro na lareira... Bem, no natal polones ha 13 pratos tipicos que sao obrigatorios. Nao sei bem ao certo ainda quais sao,mas hoje depois de comer eu digo pra voces. Aqui na polonia o natal eh comemorado no dia 24, quando a primeira estrela aparece no ceu, o que nessa epoca do ano acontece por volta das 16:30, 17:00. Depois no dia 25 de novo. Ontem eu andei explorando um pouco mais a cidade, e entre outras coisas fui visitar o coracao de um dos mais ilustres poloneses, Frederic Chopin. Por enquanto consegui evitar novos furos, e com algumas poucas palavras que aprendi em polones consegui ateh conversar com um cara no banco. Bom, eh verdade que ele so perguntou se eu estava esperando na fila, eu nao entendi nada do que ele disse mas pelo contexto achei que ele estivesse perguntando isso, ai eu mandei um super ' niet" e assim consegui o meu primeiro contato totalmente em polones. Bom, vou indo porque os convidados jah devem estar chegando para os comes e bebes, entao feliz natal, ou em polones, wesolych swiat!

domingo, 21 de dezembro de 2008

warszawa






Boas. Aqui na Polonia tudo bem. Muito frio mas tudo bem. As malas chegaram, e agora eu nao preciso mais andar por ai de calcinhas. Nao que isso tenha me impedido de cntinuar pagando micos, de maneira alguma. Ontem, depois de trocar minhas calcinha pelo meu long-johns (aquelas ceroulas, malhas que se colocam por baixo das calcas quano esta muito frio) eu desci e falei para a Monika que tava pronto para sair. Ela e a mae dela me olharam de um jeito estranho, e ai e Monika perguntou, " e voce vai sair assim, sem calcas??" foi ai que eu percebi que tinha colocada a ceroula mas tinha esquecido de colocar as calcas... Bem, menos mal que nao era festa e soh a Monika e sua mae estavam ali para ver a cena ridicula...
Varsovia me deixou surpreso. Sinceramente eh bem melhor do que eu imaginava. Para comecar, a comida eh excelente. Tenho comido muito pao, aquele pao escuro, que a gente ve em filme, com salmao defumado, salsicha de bisao, e uns trecos que eu nunca tinha ouvido falar. Sensacional. Alias a secao de frios do supermercado dah umas cinco de qualquer carrefour da vida no Brasil. Tirei foto, qualquer dia coloco aqui. Hoje eu fui tambem no antigo gueto de Varsovia. Bem, pra mim, que sou historiador, eh uma sensacao dificil de descrever... Bem, as fotos, na ordem sao: Casa dos Figaj - os pais da Monika tem essa casa no meio de uma floresta, e eh onde a gente tah agora. A segunda foto eh parte do muro do Gueto de Varsovia. A terceira foto eh uma praca, com um nome bem complicado... a ultima foto sou eu, andando com o Reksho no meio da floresta... Besos, ateh, Visite Varsovia!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Um Longo Dia

Boas. Quinta feira, 18/12/2008 foi o mais longo dia que jah vivi ateh aqui. Veja, acordei as 5:30 da manha, peguei o metro, fui ateh a estacao central de Nagoya onde junto com a Monika e o Kcrys, pegamos o trem bala para Toquio. Duas horas depois estava em Toquio. O engracado eh que depois levou duas horas e meia para ir de metro, da estacao central de Toquio ateh o aeroporto de Narita... Bem, 13:00, horario de Toquio, pegamos o voo da Aeroflot, uma empresa russa, para Moscou. Monika, que como eu nao gosta de avioes, tinha medo dobrado porque tambem nao confiava muito nessa empresa russa. O kcrys tava tao cansado que dormiu antes do aviao levantar voo, segurando no colo uma boneca gigante da hello kitty que ele estava levando para a sobrinha. Bem, o voo nao foi dos piores. Alias, eu por mim, so voo agora de empresas russas, ou algo do tipo. Eh que as aeromocas... Bem, voamos por dez horas, e, mesmo tendo saido de Toquio as 13:00 da tarde, chegamos em Moscou as 17:00 da tarde! Fuso horario eh uma beleza neh? Bem, quando a porta do aviao se abiu, senti o doce ar de outono em Moscou, menos 10 graus. Eu fico imaginando o que eh Moscou no inverno. Bem, conexao, aeroporto de Moscou em reforma, e em Moscou, diferentemente do Japao, as atendentes sao mais tipo infraero, se eh que voce me entende. Uma zona. Um monte de gente em uma fila que nao eh fila, e a mulher gritava " Praga, Praga, Praga iestes???" e ninguem ia pra Praga. Ai ela pergutou de novo " de narita pra Praga, alguem??" um grupo de japoneses ao nosso lado, quando ouviram o nome " narita" ficaram excitados e gritaram " narita" " narita", a mulher foi lah, soh que eles estavam vindo de Narita e indo para Istambul... A russa ficou furiosa. " Praga, eu perguntei Praga" e saiu resmungando umas coisas em russo, que segundo a traducao da Monika era " bando de criancas perdidas!" he he he, coitado dos japinhas, acostumados com o tratamento japones... Bem, depois ela gritou Varsovia, e ai a gente se animou, furou fila, passou pela seguranca e finalmente conseguimos embarcar. Saimos de Moscou as 19:00 horas, voamos por mais duas horas e chegamos em Varsovia as.... 19:00 horas! O dia que demorava pra passar! Bem, alfandega, passei tranquilo mesmo com a minha cara de imigrante ilegal que vai tentar a vida na Europa e estah acordado por mais de 20 horas, depois fomos pegar as bagagens, mas... sim, as nossas bagagens nao vieram. Nem a minha, nem a da Monika, nem a do Kcrys! Bom, reclama, perde meia horinha, e finalmente saimos do aeroporto. Quando cheguei na casa da Monika, um probleminha, nao tenho roupas. Bem, tudo tranquilo, a mae da Monika me arranjou uns moletons, coisa e tal, mas... nao tem cueca! E nesse frio do caramba sem cueca nao da! Bem, a mae da Monika pensou, e veja voce, tinha umas calcolas da avoh, ainda do tempo da segunda guerra, quando as mulheres usavam aquelas calcinhas gigantes e, bem, a verdade eh que, minha primeira noite na Europa eu passei assim, de calcinhas e moleton... Espero que minha mala chegue logo...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Férias chegando...


Boas. Eis aí a minha cara de hoje. É cara de quem já quer logo que as férias de inverno comecem, e elas hão de começar! Bom, mas antes ainda há umas ou duas coisas a se fazer né... Eu acho que a idade já está realmente pegando pro meu lado, porque toda terça-feira é dia de dor. É que como eu jogo bola na segunda de noite, é na terça que os efeitos surgem. Dor no joelho, dor na perna, agora é uma dor na coluna. Hoje fui andando meio torto pra faculdade, mas tá valendo. No caminho de volta, vi um casaco preto no chão, na calçada. Acho que alguém tinha acabado de deixar cair. Bem, eu não sabia muito bem o que fazer, então deixei o casaco lá mesmo, vai que a pessoa volta né? Aí eu vi uma menina de bicicleta cruzar a rua com sua bicicleta, olhar para o casaco, olhar para os lados... Aí ela desceu da bicilcleta e pegou o casaco. Pensei comigo, AH! Eu sabia que aqui também tinha disso! O casaco nem era dela e ela j;a vai querer se dar bem (o casaco parecia ser bem novinho) Ela pegou o casaco, limpou o casaco, dobrou o casaco e colocou o casaco na calçada, mas de lado, para que ninguém pisasse nele...
Bom, essa semana tá meio corrida pra mim, vou dar um pulo em Tóquio, Moscou e Varsóvia. Então quando eu chegar em Varsóvia (Acho que é na sexta) eu tento blogar alguma coisa direto do velho continente. Então, até lá!

Respondendo:

OI Lara!
Beijitos !!

Kobelus: Melhor. Vou ver no youtube entonces.

Valero! Vamos lá: Olha, eu não me lembro mais de muitos, mas se você quiser todos esses ditados e muito mais sobre Roma você acha em um livro que se chama Roma, vida pública vida privada, o autor é Pedro Paulo de Abreu Funari. Eu tenho o livro, mais tá no Brasil... Mas ele custa 10,00 conto em qualquer sebo, e deve ter na biblioteca da unb.(bom, não tem, acabei de verificar, mas tem o cultura popular na antiguidade classica, do mesmo autor, e eu acho que nesse livro também tem as frases, a chamada é 937/938 F979c E o outono, é que eu já falei demais do outono, ah o outono...




segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

É melhor ser temido do que amado...

Boas. Tenho passado apuros nas aulas de japonês. Querem que eu fale detalhes da natureza no Brasil o tempo todo. Querem que eu diga quais as estações do ano (quando começam e quando terminam) quais são as flores, as frutas, os festivais de cada estação, e a única coisa que eu sei é que, segundo Tom Jobim, as Águas de Março fecham o verão... Maquiavel disse que é melhor ser temido do que amado. Em tese, de acordo com o velho Maqui, a gente pode até sacanear com quem a gente ama (e como) mas dificilmente o faremos com quem a gente teme...
Digo isso porque os japoneses têm um grande medo da natureza, é acho que este é um dos porquês deles a respeitarem tanto. em uma ilhazinha onde tufões, furacões, terremotos e afins são constantes, eles aprenderam que mexer com a natureza não é bom negócio. Já nos, que amamos tanta a natureza, que vivemos em um país por ela "abençoado" a sacaneamos o tempo todo.
Mas outro motivo da veneração dos japas pela natureza é a religião xintoísta, que encara a natureza como sagrada. Pedra, rio, montanha, tudo isso pode ser sagrado, então daí também vem um grande respeito as coisas naturais. Mas, sempre tem um mas...
Eu acho também que os japas são meio hipócritas. Eles protegem a natureza sim, mas a deles. Os navios pesqueiros japoneses caçam baleias e peixes pelo mndo afora, indiscriminadamente, sem ligar muito para épocas de procriação e aquela coisa toda. Os Japas são também os maiores compradores de madeira de lei da Indonésia e da Tailândia, fomentando o desmatamento nessas regiões. Como eu acho que o mandante tem tanta ou mais culpa do que o pistoleiro, acho que os japas não estão com essa bola toda quando o assunto é meio ambiente não. Acho que não tem medo dos efeitos da natureza em outros lugares. Quando se trata da natureza de outros países, eles só têm amor...

Kobelus: pô, vou tentar ver esse filme aí...

Thaís: quanto tempo! tô esperando os comentários hein!

Tay: Como? Ah, sabe como é, o Japão é bom mais é uma merda, já o Brasil é uma merda mais é bom!

Rafael: Eu também!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Notas Rápidas.

>Boas. Esse mês eu esqueci de pagar a conta de luz. Quando eu fui pagar, já não podia, porque estava vencida. Aí eu não sabia o que fazer. Bem, como era para pagar e não para receber, fiquei na minha. Ontem chegou a conta novamente. Sem juros, sem correção, sem multa, nada. A mesma conta. E uma cartinha, dizendo que talvez eu tivesse esquecido, ou perdido a conta original, então eles estavam mandando outra. Lembrei-me do caso de um alemão que disse que um mês ele teve uma conta que era xxx,34. Ele não sabia, mas a conta era um valor fixo. Então no outro mês, quando veio uma conta de xxx,34, ele pensou que já tivesse pago. Depois de 3 meses sem [agar a conta, ele recebeu a visita de um empregado da companhia de luz. O sujeito veio muito educado, envergonhado, dizer que sentia pelo incômodo, mas talvez ele não soubesse, tivesse esquecido, coisa e tal, mas que tinha de pagar a conta. Igual no Brasil né?

>Quando eu estava no Japão, ouvia algumas lendas sobre o Japão. Por exemplo, de que não podia existir uma "sushi woman" de que para os japoneses o sushi era um prato preparado, unicamente, por homens. Mentira. Em Tóquio comi em um sushi bar em que o preparador eram uma "sushi woman."

>Aliás, se comesse no Brasil, sushi com maionese, diria que é coisa do Paraguai, sushi mal feito adaptado no Brasil. Bem, aqui se come, e muito. Como também se come sushi de carne, e várias outras coisitas estranhas. Aliás, hoje mesmo eu comi...

>Por fim, aquela moda que os japoneses tinham de jogar computador no lixo, acabou. Ainda se pode achar muita coisa no lixo, é verdade. Esse sofá mesmo onde eu estou agora digitando esse texto veio do lixo. Mas os produtos eletrônicos estão quase todos agora em uma cadeia de lojas que se chama "hard-off" não confundir com "hard-on" (desculpem pela piadinha de pouco nível)
Bem, na hard-off se pode comprar qualquer eletrônico de segunda mão. Instrumentos musicais também. É tudo bem mais barato. Eu mesmo quase comprei um baixo, igual aquele do Paul MaCartney, mas quando pensei em levar para o Brasil, desisti. Há também lojas de roupa, tudo de segunda mão. Inverno passado mesmo eu comprei um casaco "Ralph Lauren" por 10,00 reias. Serviu-me o inverno todo. Depois deixei-o em algum lugar na China. Agora deve tá esquentando um chinês qualquer...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Choque de gestão, congestão e vômito.

METAS QUE A ESCOLA DEVE CUMPRIR

Diminuição dos índices de repetência em 20%, a partir do ano letivo de 2008

Elevação do desempenho individual da escola, medido a partir do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2005

Redução em 20% no percentual dos alunos defasados em idade x série, a partir dos dados do Censo Escolar de 2006

Aumento do índice de aprovação em 20% a partir do ano letivo de 2008

Diminuição da evasão escolar em 20% ao ano a partir do ano letivo de 2008


Boas. Já vou pedindo desculpas, mas hoje eu tô que tô e vou falar de política e educação. Eu ando cansado. Cansado dessa besteirada do pessoal da educação que acha que ser "moderno" e "eficiente" é imitar essas bobagens todas que as empresas empurram em seus funcionários goela abaixo. Mas se é pra ser moderno, se é pra ser técnico, os caras deveriam pelos menos ler uns livros ou dois sobre políticas públicas e administração antes de fazer as imbecilidades que fazem, Vejam essas metas por exemplo. Sabe como os professores vão cumprí-las todas? No conselho de classe, quando os caras falavam, "olha, quem ficar por mais de 0,5 longe da média eu não libero" vai virar "olha, quem ficar por mais de 4,5 longe da média eu não libero, o resto..." Quanto ao Ideb, bem, perto da prova o povo vai fazer um intensivão, passar umas dicas ou duas, ensinar só o que vai ser cobrado e pronto, tá feito. Assim, todo mundo fica contente, o professor ganha a sua mesadinha cala-boca e o governo vai pubilcar todo orgulhoso os dados, com gráficos, que é para parecer mais "moderno" e "técnico", e vai mostrar como a educação está melhorando. Está?
Não, é claro que não. Se os senhores da secrtaria de educação tivessem estudado um pouquinho de política pública, saberiam que essas metas, da forma como estão elaboradas em um sistema ultrapadíssimo chamado de "inputs" e "outputs", onde eu não presto atenção no processo, só no começo e no fim, não melhora nem nunca melhorou nada. Pode sevir pra fazer carro, mas não serve para formar gente, cidadão. Gente não é carro. Sugiro que leaim "better policies, better schools." Vão aprender um pouco sobre políticas públicas de educação. Esses senhores de gravata, se querem tratar de educação, tem de ler menos "o monge e o executivo" e mais Paulo Freire. Aqui no Japão Paulo Freire é tão famoso...
Mas por vezes eu acho que os professores merecem. Porque, pelo que li, a maioria tá gostando da idéia. Talvez não tenha se dado conta de que o governo, assim mesmo na cara dura, falou claro e alto que a culpa da educação ser ruim do jeito que é, é do professor! A educação só é ruim porque o professor não se esforça! Bando de mercenários! Se a gente jogar uma graninha, eles vão trabalhar direito e a educação passa a ser boa! Fácil né? É, mas Mencken já havia dito,
"para cada problema da humanidade há uma solução simples e fácil, mas sempre errada."
Bom, para não dizer que eu fiquei aqui só chorando as pitangas, vou colocar a minha solução. É uma experiência, tem de começar aos poucos. Vamos começar com o governador, os secretários e , digamos, os policiais civis. Segundo o MEC, o salário médio do professor no DF é de 3.371. Então vamos colocar essa galera toda ganhando esse salário. Agora vamos para as metas! Polícia, tem de resolver 20% mais casos, prender 20% mais bandidos e diminuir 20% o número de mortes do DF. Secretários, cada ano precisam cumprir pelo menos 25% das promessas do governador para seus respectivos setores. Governador, tem de cumprir pelo menos 25% das coisinhas que prometeu, a cada ano, para poder fechar com 100% no fim do mandato. A cada ano que vocês cumprirem a meta, vão poder ganhar até mais um salário por ano! E aí, animam? A gente pode também incluir os deputados distritais! Depois vai ampliando, procuradores, médicos, policias militares, o DF vai ser tão moderno, todo mundo cumprindo metas, vamos com certeza viver em um lugar melhor!!!!!!!!!!
Senhores políticos, menos "quem mexeu no meu queijo." Troquem por Octavio Paz. Olha o que ele escreveu: "Vivemos em um mundo de técnicos, diz-se. Apesar das diferenças de salários e de nível de vida, a situação desses técnicos não difere essencialmente da dos operários: também são assalariados e tampouco têm consciência da obra que realizam. O governo dos técnicos, ideal da sociedade contemporânea, seria assim o governo dos instrumentos. A função substituiria a finalidade, o meio, ao criador. A sociedade caminharia com eficácia, mas sem destino. E a repetição do mesmo gesto, característica da máquina, conduziria a uma forma desconhecida da imobilidade: a do mecanismo que avança de parte alguma para lado nenhum."
Vamos lá DF!! Choque de gestão neles!!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Os trapalhões e o analfabetismo


Boas. Hoje tava cansado e resolvi assitir um filminho. Escolhi uma das obras primas do cinema nacional: os trapalhões na Serra Pelada. A primeira cena do filme é nada mais nada menos do que Sivuca tocando sanfona em um inferninho, com uma stripper cheia de dinheiro colado ao corpo. Sensacional. Filme infantil que começa com uma cena dessas, só no tempo em que o politicamente incorreto não existia. Segunda cena, Didi, Dedé, Mussum e Zacarias estão de frente para a Serra Pelada. Didi pergunta "cada as muié?" Dedé " A gente veio aqui foi pra catar ouro, não foi muié", Mussum "minha grana vou comprar todinha de Mé...." e Zacarias tampa os olhos - está com vergonha porque nunca viu uma serra pelada antes.
O filme é infantil, continua sendo engraçado - eu ri pacas - e ainda tem as mensagens contra exploração dos mais ricos, o domínio estrangeiro, aquela coisa toda. Hoje em dia os infantis são só aqueles desenhos chatos da Disney que gastam milhões de dólares para mostrar bichinhos engraçados em histórias tristes. Antes disso teve Xuxa e Angélica. Eu continuo preferindo os trpalhões... Trilha sonora: Sivuca e Paulinho Tapajós. Bons tempos...
Mas nem só de filmes vive o homem. Eu ando meio ocupado por cá. Ontem assisti a uma aula em Harvard, e hoje a outra, na London Economics School. É isso mesmo. Tudo isso daqui mesmo, do meu computador. As melhores universidades do mundo têm várias aulas disponíveis, em diferentes tópicos e áreas de conhecimento, para serem acessadas. Pode-se ver ou ouvir no computador, ou no Ipod ou coisa parecida. Hoje só não tem acesso ao conhecimento quem não quer. Ou, quem não pode... No Brasil mesmo, somos mais ou menos 180 milhões, com uns 43 milhões que têm acesso a tal da internet. Fora isso, para realmente se ter acesso a uma grande e boa gama de informações da rede, tem de saber inglês. Eu não sei, mas acho que isso em algum tempo já vai se tornar um novo índice de analfabetismo. Não tem acesso a web, não fala inglês, analfabeto. Mas primeiro a gente tem ainda de resolver o nosso outro analfabetismo. e outras coisinhas mais, né? Afinal, os filmes infantis mudaram muito, mas os problemas do Brasil...

Respondendo:

Rafael: Taberu é o infinitivo do verbo "comer"

Kobelus: É , mas o português é difícil sim...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sifu


Boas. Andei sumido, sei, mas acontece que não é todo dia que se está inspirado pra escrever né? Nesses dias em que pouco escrevi, andei vendo as notícias. Gastou-se bastante papel e saliva para se discutir a apropriação ou não do "sifu" do presidente. Eu acho fantástica a capacidade que nós temos de nos concentrar na coisa errada. O discurso do presidente foi mais ou menos assimassim "Imaginem vocês, se um de vocês fosse médico e atendesse a um paciente doente, o que vocês falariam para ele? Olha, companheiro, o senhor tem um problema, mas a medicina já avançou demais, a ciência avançou demais, nós vamos dar tal remédio e você vai se recuperar. Ou você diria: meu, “sifu”. Vocês falariam isso para um paciente de vocês? " Aí os homens e mulheres ais inteligentes do país começam a discutir se o presidente deve ou não dizer "sifu", quando a questão colocada é, o médico deve ou não dizer a verdade ao paciente, ou , o presidente deve ou não dizer a verdade ao país? Parece que o president acha que não. E parece que ele pode falar isso abertamente, porque os idiotas de plantão vão se apegar exatamente no que não importa, na forma, ao invés de prestar atenção ao conteúdo...
Bem, aqui no Japão eu entenderia um debate sobre a fala do presidente. Eles são meio maníacos com essa coisa da adequação da fala. Só para vocês terem uma idéia, não há muitos tempos verbais, basicamente presente e passado. comer por exemplo é "taberú". Passado "tabetá". Mas tem a adequação.... Se eu tô falando com um amigo, ou um "inferior" posso usar "taberú", tranquilo. Se estou falando com um desconhecido, ou alguém um pouco superior, tenho de falar "tabemasu." Se estou falando com alguém muito superior, sobre a minha ação de comer é "itadaquimas" se estou falando sobre a ação praticada pelo meu superior "meshiagarimasu." Enfim, mais fácil fazer como o Lula e mandar um simples "sifu.
Longe daí, e longe daqui, no Grécia, terceiro dia seguido de quebra pau, porque um polícial matou um estudante de 16 anos. E no Brasil? Bem, só no Rio, segundo a Anistia internacional, foram 1.260 em 2007. Se fóssemos fazer 3 dias de quebra-pau pra cada um que a polícia mata...
Mas isso não tem importância. Em um país hipócrita como o Brasil, o que é importante mesmo é se "sifu" pode ou não pode. Enquanto isso nós é que sifu.

Respondendo:

Rafael: pois é, ces't la vie...

Kobelus: é, como vc disse, complicadíssimo.

Anônimo: obrigado. Mas não cheguei a fazer história não, so fui parte dela...

Tay: Vê se passa mais vezes por aqui. Não é burocracia não. Você é que postou 2 vezes o mesmo post!



quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Vamos matar as criancinhas!


Boas. Ontem eu falei da democracia no Butão, e hoje eu vi uma notícia que tem a ver com a democracia no Brasil. Aconteceu em Oslo um encontro para o banimento de bombas de dispersão. Essas bombas são especialmente perigosas porque elas espalham pequenas partes, que também podem explodir postereriormente. Por isso mesmo que 98% das vítimas são civis, e desses, 30% são crianças. As crianças geralmente acham os restos dessas bombas, e confundem com brinquedos, por isso o número tão alto de vítimas infantis.
Bom, um tipo de bomba que erra 98% dos seus alvos (partindo-se do princípio de que em uma guerra os alvos deveriam ser somente militares) e que mata 30% de crianças, não é um armamento eficaz, por isso 98 países assinaram o seu banimento. Exclua desses 98 o Brasil. O Brasil não votou porque tem 3 fábricas Avibras, Target e Ares, que fabricam essas bombas e vendem para o Oriente Médio. Ou seja, é bom para a nossa economia. Ou melhor, para a economia dos donos dessas empresas. É o Estado, a democracia, servindo não ao povo, mas as empresas. Brasileiros que como eu vivem no exterior, sabem quão ineficaz o Itamaraty é para proteger os nossos direitos de cidadãos brasileiros aqui fora. Mas graças a Deus é bastante eficaz para proteger o interesse das nossas empresas. Mesmo das que matam. Viva a política externa!

#Se você quiser ver o que as nossas empresas fazem com as crianças do mundo, coloque "cluster bombs" no google e clique em imagens. As vítimas que morarem no Oriente Médio tem 80% de chance de serem nossos clientes!

Foto: Árvore de dispersão em Nara, arma altamente letal no outono, que dispersa suas folhas coloridas por todos os lugares.

respondendo:

Sarah! é mesmo, tinha esquecido da Cláudia.
Ruth: Minina, comendo torrada no café da manhã, pra poucos!
Kobelus: Bom, seu avô viveu em um regime socialista totalitário, assim como outros na Alemanha viveram em um regime capitalista totalitário, assim eu acho que o verdadeiro problema não é se é socialista ou capitalista, mas sim se é totalitário ou não...

Larissa: Cultura, mas nem tanto... Beijos!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Aqui com os meus Butões


Boas. Estava vendo algumas fotos das viagens, e quando via as fotos das viagem ao Tibet, lembrei-me do Butão. O Butão é um reinozinho vizinho ao Tibet, o último país onde a televisão foi permitida (só em meados da década de 90.) Vocês aí no Brasil não devem conhecer nenhum Butanês né? Eu conheci um, estudava aqui em Shiga, o Farsal. O Butão é assim como todo lugar, tem coisas boas e ruins. De ruim eu me lembro por exemplo do fato deles terem expulsado todos os butaneses de origem, nepalesa, criando um dos maiores campos de refugiados do mundo, o de butaneses no Nepal. Mas o que me chama a atenção mesmo, é o fato dos butaneses terem chorado, protestado e esperneado quando o rei disse que o Butão deveria ser uma democracia.
As políticas do rei do Butão, em 30 anos de reinado, aumentaram a expectativa de vida da população em quase 70%. Ele criou o sistema educacional e de saúde gratuito para toda a população. Se você quiser saber o Produto Interno Bruto do Butão, vai ser difícil, porque o rei disse que esse número pra ele não diz nada, e ele trocou pelo "Produto de Felicidade Bruta." Ele quer que o povo esteja feliz. E parece que o povo está. Bem, estava...
É que o rei está ficando velho, e disse que não pode garantir que o povo do Butão sempre terá um bom rei, e que por esse motivo já era hora do povo saber governar a si mesmo. O rei instituiu eleições e fez do Butão uma democracia. Foi a senha pra felicidade do povo terminar. A esmagadora maioria da população, não queria a democracia. Eles achavam que a política divide a nação. Jovens estavam preocupados que o próximo governo fosse acabar com o "Produto de Felicidade Bruta." Mas não teve jeito. As eleições aconteceram em Março desse ano. O novo governo, por enquanto, mantém o "Produto de Felicidade Bruta." Isso me faz pensar que nem sempre os indicadores econômicos são os mais importantes para um país. Muitas vezes pode se ter um PIB grande, com um monte de gente infeliz. Faz pensar também que enquanto alguns governantes querem ser reis, perpetuando-se no poder até morrer, alguns reis ainda temem pelos maus governantes que seu povo possa vir a ter. Faz pensar por fim, que valores que por vezes temos como absolutos, como democracia, são relativos. Não necessariamente a democracia é boa para todo mundo. No Butão por exemplo, eles gostavam mesmo era do rei...
Farsal voltou para o Butão. Quando mandar notícias, eu aviso a vocês. Enquanto isso, vou continuar a pensar aqui, com os meus Butões.

Foto: Eu, no Tibet, o vizinho do Butão que não tem rei nem democracia, tem o governo totalitário chinês, que todos apoiamos porque produz produtos baratos que gostamos de comprar nos 1,99 da vida.


Repondendo:

É Ruth, acho melhor você e o rodrigo fazerem exame de verme, uma vida inteira descalça na rua baiana é certeza de amarelão!

Kobelus: POis é, essas escolas só querem propaganda...

Samara: Lumbriguenta!! Deixa sua mãe saber!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A preguiça de Macunaíma
























Boas. Por vezes a gente que mora fora do Brasil acaba por ter notícias do país assim, digamos, por acaso. Como vocês sabem eu não tenho televisão por aqui, mas pela internet posso assistir a alguns canais. Um deles é a BBC de londres. Bem, sábado pela manhã estava eu sem ter muito o que fazer, e resolvi assistir a tal BBC. No intervalo do jornal, o anúncio de que o próximo programa seria um documentário sobre as crianças da Bahia, no Brasil.
O documentário começa falando de uma característica baiana que nós conhecemos bem: a preguiça. Mas nesse interior da Bahia onde o documentário foi rodado, a "preguiça" das crianças, e dos adultos também, tem uma explicação: verme. É, isso mesmo, uma equipe de São Paulo foi até o lugar, e fez exames com todas as crianças de uma escola, 88% das crianças entavam infestadas de vermes. Os médicos explicavam que essas crianças, que já não ingerem lá muitos micronutrientes, ainda têm de "dividir" com os vermes os poucos micronutrientes que ingerem. Não fosse o bastante, os vermes ainda impedem que as crianças se concentrem e aprendam. O fato de 88% das crianças terem verme não foi assim uma grande surpresa, haja vista que a região não tem rede de esgotos.
O documentário sai da Bahia e vai para Minas, onde o mesmo problema acontece. Lá o grande vilão é o "hook worm" nosso famoso amarelão. Médicos americanos estão tentando produzir uma vacina contra o verme, já que as condições sanitárias façam com que a infectação e reinfectação sejam constantes, logo "limpar" um paciente dos vermes não adianta muito, porque amanhã ele vai contrair novamente os vermes.
Aí a gente pára e percebe que os problemas de educação no Brasil são realmente vários, por vezes complexos, por vezes básicos. Aí a gente pensa na ironia e na imbecilidade do discurso político de um país que diz querer ser líder de alguma coisa, mas que me faz morrer de vergonha, aqui do outro lado do mundo, porque não consegue fazer nem com que suas crianças tenham uma vida com o mínimo de higiene. Ao invés de querer entrar pro "conselho de segurança da ONU" deveríamos é querer se livrar dos amarelões e companhia. Brás Cubas na dedicatória de suas memórias póstumas disse "ao verme que primeiro roeu as frias carnes de meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas" então eu dedico esse post "aos vermes, que estão roendo o futuro das crianças pobres de meu pobre país."


Fotos: Byodoin, "casa da fênix" templo feito em 1052, que estampa a moeda de 10 yen, e que fica a poucos minutos daqui de casa.

Respondendo:

Larissa: Que bom que vc. gostou. Ah, acho que o natal vai ser bom!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Só uma coisinha...





















Boas. Achei essa foto do dia em que fiz a minha matrícula na Unicamp, não podia deixar de fora. É o dia mais feliz da vida de um estudante que, como eu, trabalhou arduamente para poder entrar em uma das mais prestigiadas universidades do Brasil. Mas na verdade a foto é uma desculpa para falar de outra coisa. Muita gente me tem falado das coisas que eu "esqueci" de contar. Na verdade eu não esqueci não, eu sei que teria muito mais pra contar, mas sabe como é, post se fica muito longo fica muito chato. Mas tem uma coisa que eu realmente esqueci, e que não poderia deixar de falar, porque mostra a ironia e quão cínico é o sistema educacional no Brasil. Bem, vocês se lembram que na 3a série do 2o grau eu tive de sair do Leonardo da Vinci no último bimestre e me dirigir ao Ceteb para poder passar de ano. Bem, depois que eu passei no vestibular, fui até o Leonarodo da Vinci tirar uma onda. O meu professor de química não acreditou quando eu mostrei a carteirinha da Unicamp pra ele, mas ao invés de alegre pela minha vitória ele estava mesmo era puto da vida. Mas o melhor foi quando eu, já em casa, recebi um telefonema do Leonardo da Vinci. Do outro lado da linha uma senhora me teve a pachorra de oferecer uma "segunda chance" eu só teria de ir até a escola para fazer uma provinha de matemática e outra de química, matérias em que eu tinha ficado enganchado. Ela me ofereceu a chance como se fosse uma tremenda oportunidade para mim, dizendo que eu ia ter um certificado de conclusão do 2o grau do Leonardo da Vinci. Bem, o que eles realmente queriam era usar o meu nome naquelas propagandas ridículas e nas estatísticas furadas dos "aprovados." Talvez tenha sido esse o segundo momento mais feliz da minha vida acadêmica, quando eu ao telefone perguntei "deixa ver se eu entendi direito, você está me pedindo para que eu, um UNIVERSITÁRIO, vá até aí para fazer uma prova de 2o grau?" a moça, meio constrangida do outro lado respondeu "é..." eu disse "querida, mande um recado pra mim, mandem esses imbecis a M....@ ^%$#%&"

PS: Pai, aí está a foto do jipe.


Kobelus: espero que seu caso não tenha sido tão ruim quanto o meu...

Ruth: Sim, eu imagino que a menina do ônibus seja quem você está pensando. E não adianta NADA você me dizer o que falavam naquela época, você tinha de ter me ajudado era NAQUELA ËPOCA!

Samara: beijos, saudades, tempo livre só tem vantagens...

Rafael: obrigado, que bom que você gostou!

Sarah: Longe de ser um latin lover, "eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e vindo do interior!"

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Memórias de um estudante – terceira parte
























































(FOTOS: Primeira foto, povo da faculdade - ,Andrea, eu, Graziela, Clara, Tião e Vivis. foto 2; Jiban, meu cachorrinho, fiel escudeiro, protagonista de inúmeras histórias que não pude colocar aqui, foto 3 Sílvio, eu, frog boy e Feu, aniverário do Feu, fotos 4 e 5 presente de aniversário do Léo - volta por Campinas com cueca na cabeça, lavagem grátis do flanelinha e passeio do caminhão de lixo foto 6, povo da fauldade de novo, foto 7, Gisela e Raíssa no casamento da Gisela.)


O meu terceiro ano foi o período mais triste da minha vida escolar. A minha “gang”foi diluída entre as outras 15 turmas de 3o ano e eu acabei sobrando sozinho com minha querida amiga Márcia em uma de nerds. O resultado não poderia ser outro, eu ia bombar o terceiro ano. Meus pais já temerosos de ter dado a luz a um retardado que estava prestes a bombar pela segunda vez, me mandaram terminar meus dias de estudante, no CETEB. É claro que não fui sozinho, fui com Tampinha, Pitt, Xambinho, Ruth, enfim, fomos todos.
Por essas e outras, eu não podia fazer o vestibular da UNB. Acho que eu perdi a data de inscrição, ou coisa do tipo. Tentando evitar que minha mãe morresse de desilusão, me inscrevi no único vestibular público para o qual havia tempo hábil – Unicamp. Mesmo com o meu background negativo de estudante, eu havia resolvido que não ia pagar pra fazer história. Mas a Unicamp era um pouco demais. Vestibular em duas fases, subjetivo, era considerado o mais difícil do país. Não só isso, na primeira fase todos os alunos, independentemente do curso, teriam de conseguir fazer pelo menos a metade dos pontos. Eu que nunca tinha conseguido fazer metade dos pontos em nenhuma prova do sapão em todo o segundo grau, jamais conseguiria em uma prova da Unicamp. Pelo menos era o que todos pensavam.
Eu fiz a prova com a calma dos franco-atiradores. Quando o resultado da primeira fase saiu, eu fui celebrado como um herói, havia sido aprovado. O discurso de todos no entanto era mais ou menos assim, puxa, você passou na primeira fase, olha, parabéns, já foi bastante, você já deve se considerar um vencedor, aconteça o que acontecer agora…ou seja, ninguém levava fé que a segunda fase pudesse ser vencida. Eu achei que já que tinha passado na primeira, ia passar logo na segunda, porque já tava meio de saco cheio das pessoas pensarem que eu tinha alguma espécie de retardamento mental.
Quando o resultado da segunda fase saiu, eu estava em viagem, com um grupo de amigos. Sabe como é adolescente, eu nem sabia que dia o resultado ia sair, nem o que deveria fazer, mas sabe como é mãe, acho que ela era a única que achava que talvez fosse possível, bem, ela tava de olho, viu meu nome no jornal, conseguiu achar a pousada que eu estava hospedado em Cabo Frio e me deu a notícia. Era um domingo, e a notícia era mais ou menos assim, “você passou no vestibular, a matrícula é na segunda.” Foi a melhor wake up call que já recebi na minha vida, até agora.
Sabe, eu acho que deveria ser proíbido o sujeito fazer faculdade no mesmo estado em que mora. É tão bom morar em república. Você aprende sobre a vida até mais do que se aprende sobre aquilo que você estuda na faculdade. Lembro-me por exemplo de falar com minha mãe ao telefone certa vez, depois de uns sete ou oito meses que já morava em campinas, e minha mãe perguntando, “meu filho, tá trocando a roupa de cama?” foi aí que eu aprendi que roupa de cama se troca. Não é só isso, você aprende que louça não é auto-limpante, que copo sujo dá mais cria do que coelho, e outras coisinhas mais.
No aspecto sentimental, eu como sempre, me dei mal. Se existe uma época da vida em que você não deve ter uma namorada, é durante a faculdade. Pois eu, que nunca conseguia, fui conseguir uma justamente nos primeiros meses de vida em Campinas. Bom, é claro que a coisa não foi tão fácil assim. É claro que minha marca característica, a falta de jeito, estava lá. Existia essa menina na igreja que eu freqüentava (dane-se a reforma ortográfica), que nunca tinha namorado, tinha a fama de ser difícil, já tinha dado o toco em todo mundo. Ora, eu que comecei a levar tocos já aos sete anos de idade, não me preocupava muito com isso. Segundo, um bom levador de toco sempre investe nas mais difíceis, porque assim o toco é menos dolorido, o que não pode é levar toco de brucutu. Assim sendo, convidei-a para um cineminha, coisa e tal, e eu sem saber direito o que fazer. Então na saída, já dentro do carro eu pensei. “tenho de pensar em algo inteligente pra falar logo, senão já era” e aí eu saí com a clássica “então, quer namorar comigo?” hehehe, eu acho que eu fui a última pessoa do século 21 a falar isso, mas enfim. Ela disse “não, quer dizer, talvez, não sei” e aí começou a falar um monte de coisas que eu não consegui entender. Levei-a pra casa, e antes dela sair do carro, perguntei só pra confirmar “mas então, você disse mesmo foi sim ou não?” hehehhe, tinha sido sim. É que mulher é coisa complicada…
Na faculdade a nossa turma era grande, e do nosso grupinho, só uma pessoa era de Campinas, a Gisela. Gisela Pizzatto é uma pessoa a quem eu devo muito, mas muito mesmo. Ela copiava a matéria do quadro pra mim, (sim, eu tinha preguiça de copiar) ela assinava as listas de presenças das aulas que eu passava na cantina e o mais importante, eu filei inúmeras bóias na casa de Giselinha, contando com a hospitalidade de dona Teca e companhia, tudo o que eu tinha de fazer era tocar um pouco de hey jude e let it be em um piano que eles tinham lá e ninguém tocava. Além de Gisela, Tião, Joel, Raíssa, Andrea, Cintía, vivis, e tantos outros faziam parte do nosso círculo de amizades mais próximo. Eu, Gizeggs, Tião, Joel e Andrea e Raíssa sempre trabalhávamos em grupo, quando havia trabalhos de grupo a se fazer. O mais memorável foi um seminário sobre o livro Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre. Não lemos o livro, e no dia do seminário resolvemos nos juntar umas horas antes pra tentar inventar alguma coisa. A reunião foi na minha casa, e alguém achou uma fita de um filme em que o Arnold Schwaznegger ficava grávido, acho que o título era “júnior” e resolvemos assitir ao invés de preparar o seminário.
Na república, morávamos eu, Frog, Júnior, Denílson, Léo, gasparzinho, Feu, Silvinho e Frog Boy. Todos morando longe de casa, sentíamos muitas saudades de nossas famílias. Por isso mesmo de quando em quando fazíamos coisas como a nossa versão do amigo secreto, o ‘inimigo secreto.” No inimigo secreto, você tinha de sacanear, secretamente, a pessoa que você tirou por uma semana. O frog tinha uma televisão no quarto, e seu inimigo secreto desmontou a televisão e colocou um despertador lá dentro para despertar as 4 da madrugada. O frog, que era super fresco e acordava com qualquer coisa, quase morreu. Eu tinha um jipe, e um dia de manhã eu tava indo pra Unicamp e percebi que todo mundo olhava pra mim. Quando cheguei na Unicamp vi que na grade da frente do Jipe tinha uma cueca gigante amarrada.
Quando eu entrei na faculdade queria ser arqueólogo. Fui a uma expedição arqueológica, e não gostei muito. A última coisa que eu queria era ser professor, porque como todo mundo sabe ser professor significa uma vida de probreza. Uma vez, em uma aula de história dos Estados Unidos, fiquei responsável por apresentar um seminário sobre um livro de Martin Luther King, chamado “why can’t we wait”. Eu gostei do livro, e apresentei um baita de um seminário, que me rendeu um 10,00. Quando eu estava na cantina comemorando meu sucesso acadêmico com meus colegas, a professora passou por mim e disse “seu seminário foi muito bom, você comunica muito bem, você tem de ser professor.” Esse foi o ponto de virada pra mim, quando eu realmente comecei a pensar no assunto. Hoje, cá estou, professor.
Sabe, haveria tantas coisas mais pra contar, mas sei que o post já tá longo demais, e que talvez ninguém tenha conseguido chegar até aqui sem pular grandes parágrafos. Então para terminar essa trilogia, eu só queria dizer que falei assim por cima da minha vida de estudante, pra vocês entenderem porque eu quis ser professor. Na escola eu passei os dias mais felizes da minha vida, na escola eu me apaixonei, levei tocos, fui CDF, fui vagabundo e sobretudo, fiz amigos, muitos e bons, e verdadeiros amigos. Acho que ser professor foi um jeito de voltar a viver a vida de escola, mesmo velho. E é gratificante, porque eu vejo meus alunos passando por tudo que passei, vejo alunos apaixonados, vejos outros chorando pelos cantos chorando os amores contrariados, vejos alunos revoltados com o sistema, vejo alunos estudando como loucos para passar em uma boa universidade, e aí eu me vejo um pouquinho, em cada um deles. E vendo esse blog, me dou conta de que isso nada mais é do que as minhas memórias de estudante de agora, uma quarta parte, que estou escrevendo aos poucos.

Respondendo:

Ruth, Beijis priminha, fiel companheira estudantil love u 2 chuchu!

Kobelus: pior que eu lembro da gente tocando no batista!

Diego: Fotos do jipe eu tenho, do peru de pet shop não... Um abraço!

Sarah: Pois é, bons tempos em que nas provas tudo o qeu precisávamos era de uma guria bonita!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Memórias de um estudante – Segunda parte































































(LEGENDAS DAS FOTOS: FOTO 1, EU, EDINHO, O BEDEL INTELECTUAL QUE HOJE É PROFESSOR DE HISTÓRIA DA FUNDAÇãO, TAMPINHA E SEU ABADÁ, PITT DE BONÉ PORQUE JÁ ESTAVA FICANDO CARECA, FELIPE "GONZÁLEZ" VESTIDO DE GRUNGE E O CABELO DO XAMBINHO, FOTOS 2 E 3 - MATANDO AULA NO PARQUE DA CIDADE, QUE NA ÉPOCA AINDA SE CHAMAVA ROGÉRIO PITON FARIAS - DETALHE, SE VOCÊ AMPLIAR A FOTO EM QUE ESTAMOS NO BALANÇO VERÁ QUE O PITT JÁ TINHA TENDÊNCIAS HOMOSSEXUAIS - FOTO 4 XORXE MALCHER COM SUA CAMISA PELA SOLIDARIEDADE, FOTO 5, PIT BULL - COM MACACãO E UMA DE SUAS CAMISAS SEMPRE COM MENSAGENS EDUCATIVAS, RIBEIRO, PROFESSOR DE MATEMÁTICA QUE ME DEU 0,5 POR TOCAR ASA BRANCA, TAMPINHA, COMO SEMPRE VESTIDO COMO SE TIVESSE SAÍDO DE UMA MICARÊ, FELIPE GONZÁLEZ, VESTIDO DE KURT KOBAIN E XAMBINHO, DE QUEM SÓ SE PODE VER A CARA PORQUE ERA MUITO TÍMIDO,FOTO 6, RUTH, EU, O BEDEL, FELIPE E MAIS UMA VEZ, SÓ O ROSTO ESCONDIDO DO XAMBINHO, FOTO 7, EU, TAMPINHA E AGORA SIM, XAMBINHO POR INTEIRO)



Bem, no último post eu falava de minha experiência terrorista com o GRULE. O caso é que quando eu estava no primeiro ano do segundo grau, umas bombas começaram a estourar na escola. Eu e meus comparsas não tínhamos coragem para estourar bombas, mas tivemos a idéia de assumir os “atentados” e tentar lucrar alguma coisa com eles. Eu, Paulista, Klebinho, Nirvana, Xambinho e Pit-bull fomos, em uma ensolarada tarde de sábado, até a casa de Paulista, na QI 09 do Lago norte, onde escrevemos a nossa carta demanda. Passamos a tarde toda recortando jornais e revistas para escrever uma carta como aquelas que a gente vê nos filmes, com as letrinhas recortadas de jornais. Dizíamos na carta que éramos o GRULE “grupo de libertação estudantil” e que tínhamos algumas demandas. Não me lembro bem agora quais eram as demandas, mais eram coisas simples, tipo um intervalo maior e a contratação de professoras mais gostosas, enfim, coisas relevantes para o processo educativo. O mais complicado foi colocar a carta na sala da direção, uma verdadeira operação de guerra. O fato é que uma semana depois o “diretor disciplinar” entrou na sala com um cara que ele apresentou como delegado da polícia civil, que estava investigando o episódio das bombas. Não sei se o cara era policial mesmo ou se era um zé ruela qualquer, o fato é que eu e meus bravos comparsas nos cagamos de medo e foi o fim do GRULE.
No primeiro ano passei também por uma experiência que todo adolescente passa – a formação de uma banda de rock. A nossa banda era muito promissora, tinha uma música só, mas era um hit, desses que a gente ouve e não sai mais da cabeça da gente. A letra também era profunda, dessas que chamam a uma reflexão mais cuidadosa sobre a vida e o sentido das coisas. O nome da música era “obrigado, de nada.” E a letra era “obrigado, de nada, obrigado, de nada, obrigado, de nada” mas é claro que essa frase ia se repetindo com uma progressão melódica e modulações que são impossíveis de serem reproduzidas no simples espaço de um blog. Lembro-me quando fizemos nosso primeiro e único ensaio, eu, vovô e o Teddy. Foi na casa do vôvô. Tocamos nossa melodia até a exaustão. Foi muito bonito. O espanto ficou para a hora da saída, quando eu dei de cara na sala com uma reunião de politicos, entre eles Ulisses Guimarães. É que o pai do vôvô era deputado na época, o hoje ministro Nélson Jobim, e naquela época ele era o cara que estava escrevendo o relatório (ou um deles) sobre o impeachment do Collor. Naquela reunião eles estavam consturando os detalhes finais para o impeachment, com uma trilha Sonora privilegiada, “obrigado de nada.” Tenho certeza de que isso foi determinante para que eles resolvessem mandar o Collor passear, devem ter pensado, “olha o que o Collor está fazendo com nossa juvemtude.”. Enfim, apesar de uma história breve, é bom saber que nossa banda teve uma participação tão fundamental na história da República. A banda teve de acabar, para azar do rock nacional, quando o vocalista Pit foi fazer intercâmbio nos U.S.A. Fosse hoje, com internet e tudo, isso significaria nossa carreira internacional, mas naquela época era o fim mesmo. A minha vida no primeiro ano do segundo grau foi indo sem atropelos. O hevy metal mesmo foi o segundo ano.
No segundo ano eu já estava mais confiante do meu espaço. Já conhecia a escola, já era amigo dos professores, sabia como tratar as coordenadoras, aquela coisa toda. Foi no segundo ano que eu descobri que tinha talento para ser roteirista. Meu amigo Felipe desenhava e eu escrevia as historinhas, quase sempre tendo professores e colegas da sala como protagonistas. As histórias eram um sucesso de público, e começamos a colocá-las ilegalmente nos murais da escola, que eram protegidos por um vidro, no fim do intervalo. Assim, a galera parava para ler as histórias, e como ninguém voltava do intervalo, as aulas atrasavam em quase dez minutos.
Nós não éramos os únicos a fazer historinhas, nossos amigos de outras salas também faziam. Isso era o mais legal da escola, apesar de existirem uns 15 segundos anos, nós nos conhecíamos e éramos amigos. O Diego mesmo que já andou comentando neste blog era de outra sala. Também eram O Breno e o Bruno, dupla de gêmeos que desenhavam muito bem. Tinha também Xorxinho Malcher, uma lenda viva que entre outras coisas causou um blackout na escola ao enfiar uma caneta bic em uma tomada. Jorge, Breno e Bruno também faziam suas historinhas, e colocavam ilegalmente no mural. Era bom, mas infelizmente nos descobriraram e ameaçaram - éramos sucesso de público, mas não de crítica - e mais uma vez a escola acabou com uma carreira promissora. Nessa época também eu comecei a tocar gaita, e resolvi lucrar com isso. Sabia que o professor de matemática era um capiau de mão cheia, então enquanto ele passava as notas da prova para o diário, eu toquei “asa branca” em sua homenagem. Lucrei meio ponto a mais na prova, o que para mim era bastante naquela época. Mas sempre perseguido e injustiçado, fui forçado pela direção a mudar de lugar, sair do fundão que eu tanto amava, e sentar na primeira fileira. Lá fui eu, para a primeira fileira, perto da porta, onde ficava de lado para a sala e para o professor. Ali eu me comunicava com o fundão através de mensagens no caderno, quando o professor se virava. Ali um dia eu caí no sono durante uma aula de história, e meus amigos, ao invés de me acordarem, colocaram um placa em minha carteira “uma esmola por favor,” um chapéu e várias moedas.
Naquela época nós éramos um pouco a frente do nosso tempo, e já éramos todos adeptos da geração saúde. Combinamos de fazer uma vitamina – durante a aula de inglês. As meninas trouxeram as frutas, os caras leite, alguém trouxe o liquidificador. Fomos cortando as frutas durante a aula, o professor reclamava de um “cheiro de feira” mas não sabia bem o que era. De repente, no meio da declinação do verbo to be, liga-se o liqüidificador, o barulho é inevitável, o professor vai até o fundo da sala para entender o que afinal está acontecendo, e quando é presenteado com o primeiro copo de vitamina, não tem coragem de nos repreender…
No segundo grau eu novamente me apaixonei pela menina mais bonita da sala. Só que dessa vez, já cansado de tantos tocos anteriores, resolvi me calar. Foi trágico. Aliás, como vocês já perceberam, todas as minhas paixões de tempo de escola foram não correspondidas. EU me lembro uma viagem que a gente fez para 3 Marias, e no ônibus eu voltei bem do ladinho da minha paixão secreta. Eu não tinha a minima idéia do que fazer ou dizer, e comecei a sentir palpitações, achei que fosse ter um ataque cardíaco ali no ônibus mesmo. Levantei-me pra pear um copo de água, e quando voltei já tinha obviamente um mané sentado do lado dela batendo o maior papo. Dez minutos depois eles já não estavam mais batendo papo nenhum, tavam se pegando mesmo. Eu quase quis me jogar do ônibus. A desolação foi tão grande que foi nessa época que comecei a escrever um livro de poesias. Já que eu não conseguia ficar com nenhuma menina mesmo, ia passar o tempo escrevendo sobre elas. Acho que eu consegui escrever o pior livro de poesias de todos os tempos, cujo o título era “REPOUSO” ou “Restos Poéticos de Um Sonhador.” Hehehehehehe. Como todo jovem apaixonado escrevi letras de música e poesias em todos os cantos, inclusive nas paredes de meu quarto. Mas eu não era o único apaixonado, é claro. Na escola todo mundo tá sempre apaixonado por alguém. O Xambinho amava a popô, O Pit tinha uma paixão alucinante pela Carol, A Lina se apaixonou pelo Ancelmo, professor de química, o tampinha gostou da Marcinha e a Marcinha tinha um namorado que fazia faculdade, o que para um aluno do segundo ano equivalia mais ou menos a namorar o Brad Pitt. Mas o fato de termos garotas bonitas na sala era muito bom para nós. Naquela época não havia essa frescurada de uniformes, e antes da prova de matemática as gurias vinham com roupas, digamos assim, menos caretas, e aí, com o livro em mãos, iam até o professor, que apelidamos de “sapão”, e perguntavam que exercícios deveriam estudar para irem bem na prova. Sapão entregava todas as questões da prova, as meninas passavam pra gente, e o povo ia bem.
No segundo ano eu não fiquei de recuperação em nenhuma matéria, mas tenho de confessar, não por méritos próprios. Na verdade no segundo ano foi quando eu menos estudei, porque resolvi que queria ser arqueólogo. Então teria de fazer história. A melhor coisa do mundo para um estudante é decidir cedo o que quer. Eu, quando decidi que queria história, parei de estudar. O vestibular não ia ser desumano como o do pessoal da medicina. Nos primeiro e quarto bimestres as provas eram todas “de marcar x” e bem, eu caí na sala de provas de uma amiga minha de sala, a Carol, que também era bastante CDF, e bem, eu calhei de sentar bem atrás da Carol, e, enfim, o resultado foi que eu tirava dez e 9,5 em todas as matérias nos bimestres pares, e ia mal nos ímpares, de provas subjetivas, mas quando se somava e dividia tudo, lá estava eu, aprovado. Sabe, o que se passou naquele ano dava pra encher um livro. Eu nem falei da gincana que quase ganhamos, entre outras coisas, desfilando com um Peru vivo, ou de quando para minha surpresa fui sorteado para uma viagem em um sorteio em que eu não estava participando, mas não vou mais tomar o tempo de vocês com essas memórias longas. Amanhã eu termino com os tempos de faculdade. Ah, os tempos de faculdade…
Post de hoje dedicado a todos esses de quem falei aqui, e a tantos outros amigos que por falta de espaço não pude mencionar. Porque o bom mesmo da escola são os amigos que fazemos.


Respondendo:

Bom, primeiro eu preciso corrigir uma injustiça, fiquei sabendo hoje que minha outra prima, a Chris, também contribuiu para o pacote doce que chegou aqui, então OBRIGADO CHRIS!

Sarah: POis é, o caso do liquidificador tá aí.

Kobelus: A minha célebre frase também está aí!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Memórias de um estudante – Primeira parte













(FOTO: Eu, quando do início de minha carreira estudantil)

Sabe, neste blog eu tenho escrito muito sobre minha vida como professor. As pessoas sempre perguntam porque eu quis ser professor, e acho que para responder isso você precisa conhecer minha um pouco sobre minha vida de estudante. Então hoje vai, senta que lá vem história…
A minha primeira recordação estudantil é de um furto que realizei no pré-primário. Não sei porque cargas d’agua eu invoquei com uma roda de Madeira azul, e resolvi levá-la pra casa. Consegui esconder bem da professora, mas não muito bem de minha mãe, que sacou logo que cheguei em casa que eu estava escondendo algo. No outro dia eu tive de me deparar com a vergonha de devolver o objeto furtado…
Na primeira série eu percebi que não era muito bom com as mulheres… Apaixonei-me pela menina mais bonita da sala. Bem, eu sou o mais novo da minha família, e todos os meus irmãos são pelo menos dez anos mais velhos que eu. Eles que tinham entre seus dezessete e vinte e poucos anos, resolveram aproveitar a chance para me zoar. Minhas irmãs me compraram um lindo buquê de flores para que eu desse para minha amada. Dei o buquê e levei o meu primeiro toco, o que deixou meus irmãos bastante felizes com a oprtunidade de me sacanear.
Resolvi que o negócio era investir em garotas mais maduras, e na segunda série me apaixonei pela tia Maristela. Ah, a tia Maristela era Linda. Dessa vez eu não fui o único a se apaixonar, meus três irmãos mais velhos foram junto. Pela primeira vez eles brigavam para ver quem ia me deixar e buscar na escola… Infelizmente com a tia Maristela também não deu certo, sabe como é, a diferença de idades era grande, e aí está a Susana Vieira que não me deixa mentir, é difícil esse relacionamento de mulheres mais velhas com homens mais novos.
Na terceira série eu me mudei com os meus pais para o interior do Piauí. Ali eu comecei a minha carreira de nerd, que não foi muito longa. fui o primeiro aluno da turma só até a quinta série. Ali também eu “saí na porrada” pela primeira e única vez na minha vida. Foi na quarta série.
Tinha um guri na escola, Setembrino era o nome dele, que já havia reprovado a quarta série umas 3 vezes, logo ele era muito maior do que todos nós. Ele se aproveitava disso pra intimidar a galera. Um dia eu cheguei na sala e ele estava implicando com um amigo meu. Aí eu fui tomar as dores. Veja, se você estiver na quarta série, e existir um colegiuinha de turma que deveria estar na sétima mas ainda está na quarta, e se esse coleguinha de turma estiver implicando com um outro coleguinha seu, não tome as dores de seu coleguinha. Cada um no seu quadrado. Eu não me lembro bem da briga, mas sei que o Setembrino não teve muito tempo pra me bater direito, o que foi um alívio. Mas ele jurou me pegar lá fora… Se você é estudante de uma pequena cidade do interior do Piauí, hum, as chances dele realmente te encontrar lá fora são grandes… Passei uma semana trancado dentro de casa, com medo de encontrar Setembrino. Graças a Deus depois de uma semana a raiva de Setembrino se tornou menor, e nós podemos voltar a ser todos amigos novamente.
Na quinta série eu voltei a me apaixonar por uma mulher mais velha, no caso pela coordenadora, tia Hélvia. Mas pelos motivos já expostos acima, resolvi não investir na relação.
Depois de volta a Brasília, já na sexta série, coneheci o que era a marginalidade acadêmica. Mas não foi culpa minha. A culpa foi da professora de matemática. Uma bela noite, enquanto meus pais assistiam ao Jornal Nacional, eu quebrava a cabeça no tapete da sala com os problemas de matemática. Eu gostava de resolvê-los, e os fazia em uma folha separada, passando o resultado para o caderno. No outro dia, quando a professora foi conferir quem tinha feito o dever, disse que eu estava mentindo quando eu falei que o havia feito, disse que eu havia copiado as respostas. Aquilo foi até hoje a minha experiência pedagógica mais traumática. Eu não estava mentindo, e não entendia porque ela não acreditava em mim. Chorei muito. A partir daquele dia comecei a realmente copiar as respotas dos meus colegas, mas de um jeito que a professora não pudesse perceber. Nunca mais consegui ser bom em matemática. O cinismo da minha professora criou um monstro.
No colégio Dom Bosco me juntei a uma gang de poucos estudos, e vivi parte de meus dias estudantis mais felizes. Meu irmão dava aulas na mesma escola, então eu tinha bolsa integral. Isso não me impediu de na sexta série participar de uma paralisação por mensalidades mais baixas. Infelizente os padres me viram lá de cima, e chamaram a mim e a meu irmão na sala da direção. O padre disse “Maurício, mas o que é isso, seu irmão tem bolsa integral e tá participando da maniferstação por mensalidades mais baixas! Assim a gente vai ter de cortar a bolsa dele!” Meu irmão retrucou, enquanto eu cabisbaixo apenas ouvia “desculpa padre, ele é um animal, retardado, tem problema, nem sabe o que tá fazendo, ele não vai mas fazer isso mesmo, né animal?” era o poder econômico tolhindo a liberdade de expressão. Eu percebi que se quisesse me expressar livremente teria de ser rico, foi então que na sétima série eu bolei um plano para enriquecer, organizando bolões de aposta em jogos do campeonato brasileiro. Infelizmente minhas atividades foram suspensas quando minha prima, que também estudava na mesma escola, denunciou minhas atividades marginais para minha mãe. Mas eu era feliz. A felicidade só acabou quando na oitava série, depois de várias tentativas, eu finalmente consegui reprovar de ano. A vergonha só não foi maior porque minha prima, fiel escudeira, reprovou também. A gente trabalhava junto, escondendo boletins, falsificando assinaturas em provas, nada mais justo que reprovássemos juntos também. A minha vergonha só foi aconteceu mesmo quando minha mãe foi renovar minha matrícula e a escola informou que eu estava sendo convidado a me retirar da escola…
Mas nem tudo estava perdido, fui para o Maurício Salles de Mello. Lá estudei exatos três dias, e meu pai, receoso de algumas amizades que eu já tinha, resolveu me mudar para um colégio de freiras. Maria Auxiliadora. Lembro-me como se fosse hoje, 32 mulheres e 8 homens. Era o paraíso. Mas é claro que eu ainda continuava sem nenhum talento para conquistar o sexo oposto, e lá tive de me contentar com mais alguns tocos bem dados. Mas só o fato de estar rodeado por tantas mulheres já me fazia mais feliz. Na minha especialização na oitava série eu era um gênio, porque já tinha visto tudo aquilo, então tive um ano acadêmico sem recuperações pela primeira vez desde a quinta série.
No primeiro ano do segundo grau eu fui para o Leonardo da Vinci. Minha primeira reação foi de medo, diante de materias desconhecidas como Física e química. Para as primeiras provas fiz algo, como diria o presidente Lula, “nunca antes feito na história da minha vida” e começava a estudar na quinta para as provas de sábado. O resultado foi que eu tirei 10,00 na primeira prova de física e 9,8 na primeira de biologia. Aí eu achei que o bixo não era tão feio assim e resolvi relaxar… Mas foi ali, no Leonardo da Vinci, que vivi os dias mais loucos da minha vida como estudante, incluindo aí a organização de um grupo terrorista estudantil, o “grupo de libertação estudantil” GRULE. Mas esse post já tá grande demais, então outro dia eu termino essas memórias de um estudante com a parte do segundo grau e da universidade.

Sobre parlamentares e guitarras





















Há coisas que só existem no Japão. Hoje eu tinha de apresentar um seminário sobre a minha pesquisa. Bem, depois de anos dando aula, falar em públicio não é bem a coisa que mais me tira o sono, mas falar em público em japonês requer sim um preparo especial. Eu ia falar sobre a educação no Brasil, e também um pouco sobre o Brasil em si, e me peguei precisando saber como falar parlamento em japonês. Em português e inglês, por razões que desconheço, chamamos o parlamento japonês de Dieta e Diet, mas por aqui eles não têm a mínima idéia do que é isso, então fui ao dicionário. Bem, no dicionário descobri que parlamento em japonês é gikai, mas isso não foi o que mas me chamou atenção. O que mais me chamou atenção no dicionário foi uma palavra logo abaixo, que achei por acaso, "bunkiozoku", cuja tradução é "membros do parlamento com interesse especial em educação."
Vejam, essa é mais uma das coisas que só existem no Japão. Aliás eu ando percebendo que que o lance da educação aqui é mais em relação ao ambiente do que escolas ou técnicas em especial. Tudo aqui tem de ter alguma coisa com educação, estudo, estudante, essas coisas. Em kyoto há várias ruas que têm nomes assim, tipo rua do estudante, rua do estudante tal, rua da sabedoria disso, essas coisas. Eu fico imaginando o dia em que a língua portuguesa vai ter uma palavra especial para "membros do parlamento com especial interesse em educação." Gostaria de viver para ver isso, mas sinceramente não acredito que isso vá acontecer. Por enquanto temos de nos contentar com o fato de que temos duas palavras para "membros do parlamento com especial interesse em dinheiro." As palavras são deputado e senador.
Outro dia tava andando na rua e vi essa guitarra rosa da kitty alguma coisa. Isso é outra coisa que só tem por aqui. É que eles têm o segundo mercado do mundo, e um gosto um pouco diferente. Então as principais marcas desenvolvem produtos exclusivamente para o público japonês. A caterpillar faz umas botas estranhas, a gap têm umas roupas bemmmmm diferentes, e até guitarras "kawai"que quer dizer "gracinhas" são produzidas... No caso aí a guitarra não é uma qualquer, é uma fender. Sim, para agradar aos japoneses a fender faz uma guitarra rosa, com o desenho da Kitty e tudo mais. É o poder da grana, que só tem quem também tem o poder da educação.

PS: Enquanto escrevia esse post recebi pelo correio uma caixa do Brasil contendo: 5oo gramas de café "sabor da fazenda" 500 gramas de doce de leite "real" e um pacote de paçoquinha mini. O irônico da coisa é que quando vi o fundo da caixa da paçoquinha me deparei com a descrição do produto em japonês! É aqule negócio, eles vendem carros pra gente e a gente paçoquinha pra eles! Mas essa caixa bem que chegou em boa hora... Remetentes? Sarah , Ruth e Samara R! Besos e arigatô!

PS2 Ruth, Samara e Sarah. No post acima havia escrito o nome e o segundo nome de todas vocês, mas resolvi que era muita ingratidão fazer isso com quem me presenteou com um pacote tão doce...


Respondendo:

Kobelus: é verdade, você tá livre do grupo dos pidões.

Rafael: É, você também está livre....

Larissa: Bom, você foi a primeira pedinte, mas é verdade que também é uma das comentaristas mais constantes!

Sobre feriados








































Boas. Andei sumido, eu sei. É que foi feriado. Aliás eu deixo aqui registrada minha opinião para que o governo brasileiro se inspire um pouco naquilo que faz o governo japonês em relação aos feriados. Dia 23 é dia do trabalho aqui, ou, pelo o que pude entender, alguma coisa parecida com isso. Bem, acontece que dia 23 de novembro, esse ano, caiu em um domingo. Então pergunta-se, qual é a razão de ser de um feriado? Um feriado serve para que as pessoas, saindo de sua rotina normal, comemorem (do latim Co- junto + memorae-lembrar) uma certa data. Só que se o dito feriado cai em um fim de semana, o sentido se esvazia, já que no fim de semana a rotina já é fazer nada.
então o que faz o governo japonês nessas ocasiões? Feriado substituto! Esse é o nome. Segunda feira foi feriado substituto, ou seja, já que o feriado mesmo caiu em um domingo, façamos outro feriado pra substituir na segunda feira! E eu que sempre pensei que em matéria de feirados nós éramos os experts...
Bem, eu fui a Kyoto no feriado, ainda vendo as folhas vermelhas, agora de noite iluminadas, como vocês pdem conferir pelas fotos. Mas também tive de preparar um seminário para hoje. Mas sobre isso eu falo mais no post aí de cima! Adios!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Jardins


























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Boas. Os dias continuam lindos, mas cada vez mais frios. Eu tenho resistido ao máximo ligar o aquecedor, mas ontem me peguei com 3 meias e luvas de esqui dentro de casa, acho que já é hora de fazer o bichinho funcionar. Quem sabe ele não quebra também e me dá a chance de receber mais alguns dólares né? Aliás, como tem bicão nesse mundo! A média de comentários de posts nesse blog é um, máximo 2 comentários por post, foi só eu falar que eu não ia pagar mais aluguel e com isso economizar uns trocados que já veio um monte de bicão querendo presente! Aff, pobre é fogo viu!
Bem, ontem eu fui a Hikone, cidade que fica a duas horas daqui. Fui de carro com o Doi San, que resolveu ser meu mehor amigo e vive me levando pra passear. Segunda me levou pra Kyoto, pagpu almoço, jantar e todas as entradas para os templos e jardins de Kyoto. Ontem fomos de carro apra Hikone, e na volta novamente me levou para um desses restaurantes chiques. Eu até que finjo que vou pagar a minha parte, faço aquela cena, coisa e tal, mas já sei que ele não vai aceitar, graças a Deus. Mas segunda e ontem eu me deparei com um verdade que nunca tinha percebido no Brasil. A gente acha que japonês é bom de tecnologia, sabe fazer carro, robô, essas coisas. isso tudo é bobagem. Pelo menos não é o mais importante. Acho que o mais importante produto japonês, aquele que realmente deveria ser mostrado para o resto do mundo e motivo de orgulho, não deveria ser o corolla ou o civic, ou esses lap tops minísculos, mas sim os jardins. Sim amiguinhos, os jardins.
O jardim japonês é uma metáfora, não tem flores porque essas são passageiras, sempre tem uma ponte, um lago, pedras, lanternas, e cada coisa tem o seu significado. Mas eu não ligo muito pra isso não eu gosto mesmo é de estar lá, no jardim, vendo as coisas bonitas, sem significado mesmo, vendo só por ver. Coloquei aí em cima uma foto de um jardim que vi ontem.
Se você tiver um tempo este fim de semana, vai ver um jardim!

Respondendo

Sem respostas para vocês, bando de pidões!!!! Quando eu voltar vocês vão estar tão alegres que presentes serão um detalhe menor!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O NEGOCIADOR


Boas. Quem vê essa cara de preguiça, de um sonolento brasileiro no frio japonês, não imagina o tremendo negociador que existe aí. Vejam o seguinte caso:
Vocês se lembram que meu aquecedor deu pau, e começou a sair água e inundou o ap, e eu tive de me mudar por uma semana para um outro quarto? Pois é, depois de tudo arrumado, os caras em mandaram de volta para o meu quarto e me mandaram uma funcionária da empresa que falava inglês para se desculpar e coisa e tal. O problema é que o inglês da dita funcionária era pior do que "the book is on the table" que ela provavelmente diria "The brook is in the tabru". Mas essa nem era a maior arma da dita funcionária, sua maior arma era mesmo o bafo. Sabe aquele hálito horrível? Agora some a ele um bafo de cigarro de três dias. Era isso. Eu que já não suporto bafo de cigarro ( por isso que até hoje não beijei nenhuma modelo, pois como vocês sabem elas fumam para manter o peso, bem, por isso e também porque até hoje nenhuma me quis beijar), fiquei com dor de cabeça só de conversar com a mulher por dois minutos. Mas depois que ela saiu eu pensei, puxa, não é justo os japas virem aqui e só dizerem "desculpa!" Eu sou um pesquisador que fiquei sem poder "trabalhar" por uma semana por conta da mudança de apartamentos, sem falar que quando retornei ao meu apartamento ainda tive de fazer uma faxina! Não, isso não vai ficar assim!
Fui até a universidade e falei para a Yamaguchi san ligar para a empresa e dizer que eu estava chateado, e queria algo mais. Bem, dois dias depois eles me chamaram para uma reunião com três funcionários da empresa, inclusive a bafo de onça fumante. Eu pensei, puxa, pelo menos uma camisa da empresa, uma sacola, sei lá, um lápis promocional esses caras vão ter de dar. Então eu coloquei toda a minha agonia e sofrimento, e no melhor estilo ocidental de negociação, perguntei como eles estariam dispostos a ressarcir meus prejuízos. Eles, no melhor estilo oriental, perguntaram o que eu queria. Hum, eu não estava pronto para essa pergunta, sei lá o que eu quero, e pior, eu nem sabia direito o que era certo ou errado pedir. Então, mas uma vez seguindo meu estilo agressivo de negociação, moldado por vários episódios de "o aprendiz" pensei, vou pedir 10x pra tentar conseguir x, então eu falei "olha, já paguei meu aluguel até dezembro, teria ainda de pagar janeiro fevereiro e um pouquinho de março, já que em março eu volto para o Brasil, então eu quero não pagar mais meu aluguel nesse período." Eles me olharam com uma cara estranha, eu pensei, "oh oh, acho que pedi demais," e falaram que precisariam de um tempo para discutir a proposta com não sei quem. Hoje deram a resposta - eu não preciso mais pagar aluguel! uns mil e pouco dólares economizados graças a minha habilidade como negociador. Com direito ainda a seguinte em pérola em inglês "resolvemos aceitar e dar esse dinheiro de consolação pelas dores mentais sofridas!"
Viu, é fácil, lute pelos seus direitos, se não der, tente pelo menos os esquerdos!