quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Choque de gestão, congestão e vômito.

METAS QUE A ESCOLA DEVE CUMPRIR

Diminuição dos índices de repetência em 20%, a partir do ano letivo de 2008

Elevação do desempenho individual da escola, medido a partir do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2005

Redução em 20% no percentual dos alunos defasados em idade x série, a partir dos dados do Censo Escolar de 2006

Aumento do índice de aprovação em 20% a partir do ano letivo de 2008

Diminuição da evasão escolar em 20% ao ano a partir do ano letivo de 2008


Boas. Já vou pedindo desculpas, mas hoje eu tô que tô e vou falar de política e educação. Eu ando cansado. Cansado dessa besteirada do pessoal da educação que acha que ser "moderno" e "eficiente" é imitar essas bobagens todas que as empresas empurram em seus funcionários goela abaixo. Mas se é pra ser moderno, se é pra ser técnico, os caras deveriam pelos menos ler uns livros ou dois sobre políticas públicas e administração antes de fazer as imbecilidades que fazem, Vejam essas metas por exemplo. Sabe como os professores vão cumprí-las todas? No conselho de classe, quando os caras falavam, "olha, quem ficar por mais de 0,5 longe da média eu não libero" vai virar "olha, quem ficar por mais de 4,5 longe da média eu não libero, o resto..." Quanto ao Ideb, bem, perto da prova o povo vai fazer um intensivão, passar umas dicas ou duas, ensinar só o que vai ser cobrado e pronto, tá feito. Assim, todo mundo fica contente, o professor ganha a sua mesadinha cala-boca e o governo vai pubilcar todo orgulhoso os dados, com gráficos, que é para parecer mais "moderno" e "técnico", e vai mostrar como a educação está melhorando. Está?
Não, é claro que não. Se os senhores da secrtaria de educação tivessem estudado um pouquinho de política pública, saberiam que essas metas, da forma como estão elaboradas em um sistema ultrapadíssimo chamado de "inputs" e "outputs", onde eu não presto atenção no processo, só no começo e no fim, não melhora nem nunca melhorou nada. Pode sevir pra fazer carro, mas não serve para formar gente, cidadão. Gente não é carro. Sugiro que leaim "better policies, better schools." Vão aprender um pouco sobre políticas públicas de educação. Esses senhores de gravata, se querem tratar de educação, tem de ler menos "o monge e o executivo" e mais Paulo Freire. Aqui no Japão Paulo Freire é tão famoso...
Mas por vezes eu acho que os professores merecem. Porque, pelo que li, a maioria tá gostando da idéia. Talvez não tenha se dado conta de que o governo, assim mesmo na cara dura, falou claro e alto que a culpa da educação ser ruim do jeito que é, é do professor! A educação só é ruim porque o professor não se esforça! Bando de mercenários! Se a gente jogar uma graninha, eles vão trabalhar direito e a educação passa a ser boa! Fácil né? É, mas Mencken já havia dito,
"para cada problema da humanidade há uma solução simples e fácil, mas sempre errada."
Bom, para não dizer que eu fiquei aqui só chorando as pitangas, vou colocar a minha solução. É uma experiência, tem de começar aos poucos. Vamos começar com o governador, os secretários e , digamos, os policiais civis. Segundo o MEC, o salário médio do professor no DF é de 3.371. Então vamos colocar essa galera toda ganhando esse salário. Agora vamos para as metas! Polícia, tem de resolver 20% mais casos, prender 20% mais bandidos e diminuir 20% o número de mortes do DF. Secretários, cada ano precisam cumprir pelo menos 25% das promessas do governador para seus respectivos setores. Governador, tem de cumprir pelo menos 25% das coisinhas que prometeu, a cada ano, para poder fechar com 100% no fim do mandato. A cada ano que vocês cumprirem a meta, vão poder ganhar até mais um salário por ano! E aí, animam? A gente pode também incluir os deputados distritais! Depois vai ampliando, procuradores, médicos, policias militares, o DF vai ser tão moderno, todo mundo cumprindo metas, vamos com certeza viver em um lugar melhor!!!!!!!!!!
Senhores políticos, menos "quem mexeu no meu queijo." Troquem por Octavio Paz. Olha o que ele escreveu: "Vivemos em um mundo de técnicos, diz-se. Apesar das diferenças de salários e de nível de vida, a situação desses técnicos não difere essencialmente da dos operários: também são assalariados e tampouco têm consciência da obra que realizam. O governo dos técnicos, ideal da sociedade contemporânea, seria assim o governo dos instrumentos. A função substituiria a finalidade, o meio, ao criador. A sociedade caminharia com eficácia, mas sem destino. E a repetição do mesmo gesto, característica da máquina, conduziria a uma forma desconhecida da imobilidade: a do mecanismo que avança de parte alguma para lado nenhum."
Vamos lá DF!! Choque de gestão neles!!

3 comentários:

Dinofours disse...

realmente o dinheiro pode ser a base para todos os problemas, como também a solução para todos os problemas. Esse é o nosso país e o mundo.
você falou em "O monge e o executivo", isso me lembrou de um livro muito bom que eu recomendo a você ler: "O monge que vendeu sua ferrari" é uma história real que faz a gente pensar bastante.

Koběluš disse...

hauahauahau,
David pra presidente!
Pois é, técnicas de marketing não se aplicam à pessoas.
É a velha história do ler para ser.
abraço

Anônimo disse...

David, essa lucidez política eh inerente a historiadores por acaso?!?!? Pq os exemplos q eu tive, pelo menos no Senior, induzem a essa conclusão. Olha só: David, Wagner, Sinval e Sormany...

Será que com esforço eu consigo parte dessa capacidade analítica???

P.s: você por acaso se lembra de uma aula em que citou ditados populares em latim??? Por acaso teria como me enviá-los??? So lembro do "Anus beborum non dominus est". uahuaehuaeh =]

Bj