terça-feira, 25 de novembro de 2008

Memórias de um estudante – Primeira parte













(FOTO: Eu, quando do início de minha carreira estudantil)

Sabe, neste blog eu tenho escrito muito sobre minha vida como professor. As pessoas sempre perguntam porque eu quis ser professor, e acho que para responder isso você precisa conhecer minha um pouco sobre minha vida de estudante. Então hoje vai, senta que lá vem história…
A minha primeira recordação estudantil é de um furto que realizei no pré-primário. Não sei porque cargas d’agua eu invoquei com uma roda de Madeira azul, e resolvi levá-la pra casa. Consegui esconder bem da professora, mas não muito bem de minha mãe, que sacou logo que cheguei em casa que eu estava escondendo algo. No outro dia eu tive de me deparar com a vergonha de devolver o objeto furtado…
Na primeira série eu percebi que não era muito bom com as mulheres… Apaixonei-me pela menina mais bonita da sala. Bem, eu sou o mais novo da minha família, e todos os meus irmãos são pelo menos dez anos mais velhos que eu. Eles que tinham entre seus dezessete e vinte e poucos anos, resolveram aproveitar a chance para me zoar. Minhas irmãs me compraram um lindo buquê de flores para que eu desse para minha amada. Dei o buquê e levei o meu primeiro toco, o que deixou meus irmãos bastante felizes com a oprtunidade de me sacanear.
Resolvi que o negócio era investir em garotas mais maduras, e na segunda série me apaixonei pela tia Maristela. Ah, a tia Maristela era Linda. Dessa vez eu não fui o único a se apaixonar, meus três irmãos mais velhos foram junto. Pela primeira vez eles brigavam para ver quem ia me deixar e buscar na escola… Infelizmente com a tia Maristela também não deu certo, sabe como é, a diferença de idades era grande, e aí está a Susana Vieira que não me deixa mentir, é difícil esse relacionamento de mulheres mais velhas com homens mais novos.
Na terceira série eu me mudei com os meus pais para o interior do Piauí. Ali eu comecei a minha carreira de nerd, que não foi muito longa. fui o primeiro aluno da turma só até a quinta série. Ali também eu “saí na porrada” pela primeira e única vez na minha vida. Foi na quarta série.
Tinha um guri na escola, Setembrino era o nome dele, que já havia reprovado a quarta série umas 3 vezes, logo ele era muito maior do que todos nós. Ele se aproveitava disso pra intimidar a galera. Um dia eu cheguei na sala e ele estava implicando com um amigo meu. Aí eu fui tomar as dores. Veja, se você estiver na quarta série, e existir um colegiuinha de turma que deveria estar na sétima mas ainda está na quarta, e se esse coleguinha de turma estiver implicando com um outro coleguinha seu, não tome as dores de seu coleguinha. Cada um no seu quadrado. Eu não me lembro bem da briga, mas sei que o Setembrino não teve muito tempo pra me bater direito, o que foi um alívio. Mas ele jurou me pegar lá fora… Se você é estudante de uma pequena cidade do interior do Piauí, hum, as chances dele realmente te encontrar lá fora são grandes… Passei uma semana trancado dentro de casa, com medo de encontrar Setembrino. Graças a Deus depois de uma semana a raiva de Setembrino se tornou menor, e nós podemos voltar a ser todos amigos novamente.
Na quinta série eu voltei a me apaixonar por uma mulher mais velha, no caso pela coordenadora, tia Hélvia. Mas pelos motivos já expostos acima, resolvi não investir na relação.
Depois de volta a Brasília, já na sexta série, coneheci o que era a marginalidade acadêmica. Mas não foi culpa minha. A culpa foi da professora de matemática. Uma bela noite, enquanto meus pais assistiam ao Jornal Nacional, eu quebrava a cabeça no tapete da sala com os problemas de matemática. Eu gostava de resolvê-los, e os fazia em uma folha separada, passando o resultado para o caderno. No outro dia, quando a professora foi conferir quem tinha feito o dever, disse que eu estava mentindo quando eu falei que o havia feito, disse que eu havia copiado as respostas. Aquilo foi até hoje a minha experiência pedagógica mais traumática. Eu não estava mentindo, e não entendia porque ela não acreditava em mim. Chorei muito. A partir daquele dia comecei a realmente copiar as respotas dos meus colegas, mas de um jeito que a professora não pudesse perceber. Nunca mais consegui ser bom em matemática. O cinismo da minha professora criou um monstro.
No colégio Dom Bosco me juntei a uma gang de poucos estudos, e vivi parte de meus dias estudantis mais felizes. Meu irmão dava aulas na mesma escola, então eu tinha bolsa integral. Isso não me impediu de na sexta série participar de uma paralisação por mensalidades mais baixas. Infelizente os padres me viram lá de cima, e chamaram a mim e a meu irmão na sala da direção. O padre disse “Maurício, mas o que é isso, seu irmão tem bolsa integral e tá participando da maniferstação por mensalidades mais baixas! Assim a gente vai ter de cortar a bolsa dele!” Meu irmão retrucou, enquanto eu cabisbaixo apenas ouvia “desculpa padre, ele é um animal, retardado, tem problema, nem sabe o que tá fazendo, ele não vai mas fazer isso mesmo, né animal?” era o poder econômico tolhindo a liberdade de expressão. Eu percebi que se quisesse me expressar livremente teria de ser rico, foi então que na sétima série eu bolei um plano para enriquecer, organizando bolões de aposta em jogos do campeonato brasileiro. Infelizmente minhas atividades foram suspensas quando minha prima, que também estudava na mesma escola, denunciou minhas atividades marginais para minha mãe. Mas eu era feliz. A felicidade só acabou quando na oitava série, depois de várias tentativas, eu finalmente consegui reprovar de ano. A vergonha só não foi maior porque minha prima, fiel escudeira, reprovou também. A gente trabalhava junto, escondendo boletins, falsificando assinaturas em provas, nada mais justo que reprovássemos juntos também. A minha vergonha só foi aconteceu mesmo quando minha mãe foi renovar minha matrícula e a escola informou que eu estava sendo convidado a me retirar da escola…
Mas nem tudo estava perdido, fui para o Maurício Salles de Mello. Lá estudei exatos três dias, e meu pai, receoso de algumas amizades que eu já tinha, resolveu me mudar para um colégio de freiras. Maria Auxiliadora. Lembro-me como se fosse hoje, 32 mulheres e 8 homens. Era o paraíso. Mas é claro que eu ainda continuava sem nenhum talento para conquistar o sexo oposto, e lá tive de me contentar com mais alguns tocos bem dados. Mas só o fato de estar rodeado por tantas mulheres já me fazia mais feliz. Na minha especialização na oitava série eu era um gênio, porque já tinha visto tudo aquilo, então tive um ano acadêmico sem recuperações pela primeira vez desde a quinta série.
No primeiro ano do segundo grau eu fui para o Leonardo da Vinci. Minha primeira reação foi de medo, diante de materias desconhecidas como Física e química. Para as primeiras provas fiz algo, como diria o presidente Lula, “nunca antes feito na história da minha vida” e começava a estudar na quinta para as provas de sábado. O resultado foi que eu tirei 10,00 na primeira prova de física e 9,8 na primeira de biologia. Aí eu achei que o bixo não era tão feio assim e resolvi relaxar… Mas foi ali, no Leonardo da Vinci, que vivi os dias mais loucos da minha vida como estudante, incluindo aí a organização de um grupo terrorista estudantil, o “grupo de libertação estudantil” GRULE. Mas esse post já tá grande demais, então outro dia eu termino essas memórias de um estudante com a parte do segundo grau e da universidade.

2 comentários:

Sarah Nogueira disse...

Eu lembro das histórias de liquidificador em sala de aula.... era isso memso ou eu já estou confundindo?
Beijos

Koběluš disse...

haaaahauahau,
quero ver quando chegar na parte "aí eu decidi fazer História, então parei de estudar". Me lembro muito bem dessa frase sua.
Isso é porque vc estudava esse tanto,imagina não estudando.
Vida de estudante é difícil, cara. Mulheres, brigas, reprovações, irmãos..
A sua cara não mudou, bixo!

abraço