quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Memórias de um estudante – Segunda parte































































(LEGENDAS DAS FOTOS: FOTO 1, EU, EDINHO, O BEDEL INTELECTUAL QUE HOJE É PROFESSOR DE HISTÓRIA DA FUNDAÇãO, TAMPINHA E SEU ABADÁ, PITT DE BONÉ PORQUE JÁ ESTAVA FICANDO CARECA, FELIPE "GONZÁLEZ" VESTIDO DE GRUNGE E O CABELO DO XAMBINHO, FOTOS 2 E 3 - MATANDO AULA NO PARQUE DA CIDADE, QUE NA ÉPOCA AINDA SE CHAMAVA ROGÉRIO PITON FARIAS - DETALHE, SE VOCÊ AMPLIAR A FOTO EM QUE ESTAMOS NO BALANÇO VERÁ QUE O PITT JÁ TINHA TENDÊNCIAS HOMOSSEXUAIS - FOTO 4 XORXE MALCHER COM SUA CAMISA PELA SOLIDARIEDADE, FOTO 5, PIT BULL - COM MACACãO E UMA DE SUAS CAMISAS SEMPRE COM MENSAGENS EDUCATIVAS, RIBEIRO, PROFESSOR DE MATEMÁTICA QUE ME DEU 0,5 POR TOCAR ASA BRANCA, TAMPINHA, COMO SEMPRE VESTIDO COMO SE TIVESSE SAÍDO DE UMA MICARÊ, FELIPE GONZÁLEZ, VESTIDO DE KURT KOBAIN E XAMBINHO, DE QUEM SÓ SE PODE VER A CARA PORQUE ERA MUITO TÍMIDO,FOTO 6, RUTH, EU, O BEDEL, FELIPE E MAIS UMA VEZ, SÓ O ROSTO ESCONDIDO DO XAMBINHO, FOTO 7, EU, TAMPINHA E AGORA SIM, XAMBINHO POR INTEIRO)



Bem, no último post eu falava de minha experiência terrorista com o GRULE. O caso é que quando eu estava no primeiro ano do segundo grau, umas bombas começaram a estourar na escola. Eu e meus comparsas não tínhamos coragem para estourar bombas, mas tivemos a idéia de assumir os “atentados” e tentar lucrar alguma coisa com eles. Eu, Paulista, Klebinho, Nirvana, Xambinho e Pit-bull fomos, em uma ensolarada tarde de sábado, até a casa de Paulista, na QI 09 do Lago norte, onde escrevemos a nossa carta demanda. Passamos a tarde toda recortando jornais e revistas para escrever uma carta como aquelas que a gente vê nos filmes, com as letrinhas recortadas de jornais. Dizíamos na carta que éramos o GRULE “grupo de libertação estudantil” e que tínhamos algumas demandas. Não me lembro bem agora quais eram as demandas, mais eram coisas simples, tipo um intervalo maior e a contratação de professoras mais gostosas, enfim, coisas relevantes para o processo educativo. O mais complicado foi colocar a carta na sala da direção, uma verdadeira operação de guerra. O fato é que uma semana depois o “diretor disciplinar” entrou na sala com um cara que ele apresentou como delegado da polícia civil, que estava investigando o episódio das bombas. Não sei se o cara era policial mesmo ou se era um zé ruela qualquer, o fato é que eu e meus bravos comparsas nos cagamos de medo e foi o fim do GRULE.
No primeiro ano passei também por uma experiência que todo adolescente passa – a formação de uma banda de rock. A nossa banda era muito promissora, tinha uma música só, mas era um hit, desses que a gente ouve e não sai mais da cabeça da gente. A letra também era profunda, dessas que chamam a uma reflexão mais cuidadosa sobre a vida e o sentido das coisas. O nome da música era “obrigado, de nada.” E a letra era “obrigado, de nada, obrigado, de nada, obrigado, de nada” mas é claro que essa frase ia se repetindo com uma progressão melódica e modulações que são impossíveis de serem reproduzidas no simples espaço de um blog. Lembro-me quando fizemos nosso primeiro e único ensaio, eu, vovô e o Teddy. Foi na casa do vôvô. Tocamos nossa melodia até a exaustão. Foi muito bonito. O espanto ficou para a hora da saída, quando eu dei de cara na sala com uma reunião de politicos, entre eles Ulisses Guimarães. É que o pai do vôvô era deputado na época, o hoje ministro Nélson Jobim, e naquela época ele era o cara que estava escrevendo o relatório (ou um deles) sobre o impeachment do Collor. Naquela reunião eles estavam consturando os detalhes finais para o impeachment, com uma trilha Sonora privilegiada, “obrigado de nada.” Tenho certeza de que isso foi determinante para que eles resolvessem mandar o Collor passear, devem ter pensado, “olha o que o Collor está fazendo com nossa juvemtude.”. Enfim, apesar de uma história breve, é bom saber que nossa banda teve uma participação tão fundamental na história da República. A banda teve de acabar, para azar do rock nacional, quando o vocalista Pit foi fazer intercâmbio nos U.S.A. Fosse hoje, com internet e tudo, isso significaria nossa carreira internacional, mas naquela época era o fim mesmo. A minha vida no primeiro ano do segundo grau foi indo sem atropelos. O hevy metal mesmo foi o segundo ano.
No segundo ano eu já estava mais confiante do meu espaço. Já conhecia a escola, já era amigo dos professores, sabia como tratar as coordenadoras, aquela coisa toda. Foi no segundo ano que eu descobri que tinha talento para ser roteirista. Meu amigo Felipe desenhava e eu escrevia as historinhas, quase sempre tendo professores e colegas da sala como protagonistas. As histórias eram um sucesso de público, e começamos a colocá-las ilegalmente nos murais da escola, que eram protegidos por um vidro, no fim do intervalo. Assim, a galera parava para ler as histórias, e como ninguém voltava do intervalo, as aulas atrasavam em quase dez minutos.
Nós não éramos os únicos a fazer historinhas, nossos amigos de outras salas também faziam. Isso era o mais legal da escola, apesar de existirem uns 15 segundos anos, nós nos conhecíamos e éramos amigos. O Diego mesmo que já andou comentando neste blog era de outra sala. Também eram O Breno e o Bruno, dupla de gêmeos que desenhavam muito bem. Tinha também Xorxinho Malcher, uma lenda viva que entre outras coisas causou um blackout na escola ao enfiar uma caneta bic em uma tomada. Jorge, Breno e Bruno também faziam suas historinhas, e colocavam ilegalmente no mural. Era bom, mas infelizmente nos descobriraram e ameaçaram - éramos sucesso de público, mas não de crítica - e mais uma vez a escola acabou com uma carreira promissora. Nessa época também eu comecei a tocar gaita, e resolvi lucrar com isso. Sabia que o professor de matemática era um capiau de mão cheia, então enquanto ele passava as notas da prova para o diário, eu toquei “asa branca” em sua homenagem. Lucrei meio ponto a mais na prova, o que para mim era bastante naquela época. Mas sempre perseguido e injustiçado, fui forçado pela direção a mudar de lugar, sair do fundão que eu tanto amava, e sentar na primeira fileira. Lá fui eu, para a primeira fileira, perto da porta, onde ficava de lado para a sala e para o professor. Ali eu me comunicava com o fundão através de mensagens no caderno, quando o professor se virava. Ali um dia eu caí no sono durante uma aula de história, e meus amigos, ao invés de me acordarem, colocaram um placa em minha carteira “uma esmola por favor,” um chapéu e várias moedas.
Naquela época nós éramos um pouco a frente do nosso tempo, e já éramos todos adeptos da geração saúde. Combinamos de fazer uma vitamina – durante a aula de inglês. As meninas trouxeram as frutas, os caras leite, alguém trouxe o liquidificador. Fomos cortando as frutas durante a aula, o professor reclamava de um “cheiro de feira” mas não sabia bem o que era. De repente, no meio da declinação do verbo to be, liga-se o liqüidificador, o barulho é inevitável, o professor vai até o fundo da sala para entender o que afinal está acontecendo, e quando é presenteado com o primeiro copo de vitamina, não tem coragem de nos repreender…
No segundo grau eu novamente me apaixonei pela menina mais bonita da sala. Só que dessa vez, já cansado de tantos tocos anteriores, resolvi me calar. Foi trágico. Aliás, como vocês já perceberam, todas as minhas paixões de tempo de escola foram não correspondidas. EU me lembro uma viagem que a gente fez para 3 Marias, e no ônibus eu voltei bem do ladinho da minha paixão secreta. Eu não tinha a minima idéia do que fazer ou dizer, e comecei a sentir palpitações, achei que fosse ter um ataque cardíaco ali no ônibus mesmo. Levantei-me pra pear um copo de água, e quando voltei já tinha obviamente um mané sentado do lado dela batendo o maior papo. Dez minutos depois eles já não estavam mais batendo papo nenhum, tavam se pegando mesmo. Eu quase quis me jogar do ônibus. A desolação foi tão grande que foi nessa época que comecei a escrever um livro de poesias. Já que eu não conseguia ficar com nenhuma menina mesmo, ia passar o tempo escrevendo sobre elas. Acho que eu consegui escrever o pior livro de poesias de todos os tempos, cujo o título era “REPOUSO” ou “Restos Poéticos de Um Sonhador.” Hehehehehehe. Como todo jovem apaixonado escrevi letras de música e poesias em todos os cantos, inclusive nas paredes de meu quarto. Mas eu não era o único apaixonado, é claro. Na escola todo mundo tá sempre apaixonado por alguém. O Xambinho amava a popô, O Pit tinha uma paixão alucinante pela Carol, A Lina se apaixonou pelo Ancelmo, professor de química, o tampinha gostou da Marcinha e a Marcinha tinha um namorado que fazia faculdade, o que para um aluno do segundo ano equivalia mais ou menos a namorar o Brad Pitt. Mas o fato de termos garotas bonitas na sala era muito bom para nós. Naquela época não havia essa frescurada de uniformes, e antes da prova de matemática as gurias vinham com roupas, digamos assim, menos caretas, e aí, com o livro em mãos, iam até o professor, que apelidamos de “sapão”, e perguntavam que exercícios deveriam estudar para irem bem na prova. Sapão entregava todas as questões da prova, as meninas passavam pra gente, e o povo ia bem.
No segundo ano eu não fiquei de recuperação em nenhuma matéria, mas tenho de confessar, não por méritos próprios. Na verdade no segundo ano foi quando eu menos estudei, porque resolvi que queria ser arqueólogo. Então teria de fazer história. A melhor coisa do mundo para um estudante é decidir cedo o que quer. Eu, quando decidi que queria história, parei de estudar. O vestibular não ia ser desumano como o do pessoal da medicina. Nos primeiro e quarto bimestres as provas eram todas “de marcar x” e bem, eu caí na sala de provas de uma amiga minha de sala, a Carol, que também era bastante CDF, e bem, eu calhei de sentar bem atrás da Carol, e, enfim, o resultado foi que eu tirava dez e 9,5 em todas as matérias nos bimestres pares, e ia mal nos ímpares, de provas subjetivas, mas quando se somava e dividia tudo, lá estava eu, aprovado. Sabe, o que se passou naquele ano dava pra encher um livro. Eu nem falei da gincana que quase ganhamos, entre outras coisas, desfilando com um Peru vivo, ou de quando para minha surpresa fui sorteado para uma viagem em um sorteio em que eu não estava participando, mas não vou mais tomar o tempo de vocês com essas memórias longas. Amanhã eu termino com os tempos de faculdade. Ah, os tempos de faculdade…
Post de hoje dedicado a todos esses de quem falei aqui, e a tantos outros amigos que por falta de espaço não pude mencionar. Porque o bom mesmo da escola são os amigos que fazemos.


Respondendo:

Bom, primeiro eu preciso corrigir uma injustiça, fiquei sabendo hoje que minha outra prima, a Chris, também contribuiu para o pacote doce que chegou aqui, então OBRIGADO CHRIS!

Sarah: POis é, o caso do liquidificador tá aí.

Kobelus: A minha célebre frase também está aí!

5 comentários:

Unknown disse...

VA-LEI-MEEEE!!! Ai, q meu coração tá palpitando! Estou me deliciando com cada recordação. Ontem liguei para o Mário e ele lembrou das historinhas e de outros episódios. Qdo perguntei a tese de doutorado dele, ele me respondeu: "identidade - Ruth". Aí eu falei: desiste meu filho, ngm me decifra, nem eu!! Sempre estivemos a frente do tempo mesmo...
Lembro desse episódio do parquinho, eu tirei as fotos e o "seu gualda" mandou a gente sair de lá, lembra?
Vi q vc ainda não citou o episódio "CETEB",hahaha! Mais uma vez estávamos lá e mais uma vez só eu de menina...
Bom, sempre fomos parceiros e espero q continuemos assim(até pq um sabe de mto podre do outro). Vc é ótima companhia e eu o admiro. É tão sério o negócio q até me arranjou um marido! Tinha de ser meu padrinho mesmo...
Um grande beijo! Te amo, nipo-nego-latin-lover!
Ruthneida

Koběluš disse...

"intervalo maior e a contratação de professoras mais gostosas"
muito importante!

hahhauahauahau
primeira banda...impressionante como todo cara que toca alguma coisa passa por isso. A minha você deve se lembrar, lá no Batista, após seu solo de gaita a gente entrou tocando Eric Clapton. É claro que conseguiram estragar tudo chamando a professora de inglês na última hora, sem saber a letra, e o Alemão pra tocar bateria numa música que no máximo tinha uma percussão.
É vida de estudante é vida de romântico, cara...

Gostei de ver a frase lá, hauhaauhaua
muito engraçada a sua vida!

abraço sensei

Anônimo disse...

Você foi fantástico na lembrança! Quer dizer que você era apaixonado por ela? Entregou todo mundo!!! kkkkkkkkkkkkkkkkk Bem, da gincana do Peru eu estava na equipe. E lembro de ter buscada aquele coisa com você no jipe (tem foto dele?). Ninguém merece... Boas lembranças!!! Abraços Diego

Sarah Nogueira disse...

Eu lembro dessa história do Sapão. No meu primeiro ano tinha uma menina muito bonita (e muito crescida) que era a "enviada". Infalível. Acho que era a única matéria q eu tirava 10.
Bons tempos! :o)
Beijos

Anônimo disse...

Caracas, David! Só vc mesmo para me causar tantas emoções. Chorei de emoção e chorei de rir tudo ao mesmo tempo com esse texto. A melhor parte foi Lina apaixonada pelo Anselmo. KKKKKKKKKKK. vc acredita que ele é primo do marido da minha irmã. O mundo é uma roça! Amei! Amei! Amei! Acho que a gincana merece um capítulo a parte. Conta essa história de novo pra nós, por favor. Biejo gde, meu irmão. Márcia.