sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Memórias de um estudante – terceira parte
























































(FOTOS: Primeira foto, povo da faculdade - ,Andrea, eu, Graziela, Clara, Tião e Vivis. foto 2; Jiban, meu cachorrinho, fiel escudeiro, protagonista de inúmeras histórias que não pude colocar aqui, foto 3 Sílvio, eu, frog boy e Feu, aniverário do Feu, fotos 4 e 5 presente de aniversário do Léo - volta por Campinas com cueca na cabeça, lavagem grátis do flanelinha e passeio do caminhão de lixo foto 6, povo da fauldade de novo, foto 7, Gisela e Raíssa no casamento da Gisela.)


O meu terceiro ano foi o período mais triste da minha vida escolar. A minha “gang”foi diluída entre as outras 15 turmas de 3o ano e eu acabei sobrando sozinho com minha querida amiga Márcia em uma de nerds. O resultado não poderia ser outro, eu ia bombar o terceiro ano. Meus pais já temerosos de ter dado a luz a um retardado que estava prestes a bombar pela segunda vez, me mandaram terminar meus dias de estudante, no CETEB. É claro que não fui sozinho, fui com Tampinha, Pitt, Xambinho, Ruth, enfim, fomos todos.
Por essas e outras, eu não podia fazer o vestibular da UNB. Acho que eu perdi a data de inscrição, ou coisa do tipo. Tentando evitar que minha mãe morresse de desilusão, me inscrevi no único vestibular público para o qual havia tempo hábil – Unicamp. Mesmo com o meu background negativo de estudante, eu havia resolvido que não ia pagar pra fazer história. Mas a Unicamp era um pouco demais. Vestibular em duas fases, subjetivo, era considerado o mais difícil do país. Não só isso, na primeira fase todos os alunos, independentemente do curso, teriam de conseguir fazer pelo menos a metade dos pontos. Eu que nunca tinha conseguido fazer metade dos pontos em nenhuma prova do sapão em todo o segundo grau, jamais conseguiria em uma prova da Unicamp. Pelo menos era o que todos pensavam.
Eu fiz a prova com a calma dos franco-atiradores. Quando o resultado da primeira fase saiu, eu fui celebrado como um herói, havia sido aprovado. O discurso de todos no entanto era mais ou menos assim, puxa, você passou na primeira fase, olha, parabéns, já foi bastante, você já deve se considerar um vencedor, aconteça o que acontecer agora…ou seja, ninguém levava fé que a segunda fase pudesse ser vencida. Eu achei que já que tinha passado na primeira, ia passar logo na segunda, porque já tava meio de saco cheio das pessoas pensarem que eu tinha alguma espécie de retardamento mental.
Quando o resultado da segunda fase saiu, eu estava em viagem, com um grupo de amigos. Sabe como é adolescente, eu nem sabia que dia o resultado ia sair, nem o que deveria fazer, mas sabe como é mãe, acho que ela era a única que achava que talvez fosse possível, bem, ela tava de olho, viu meu nome no jornal, conseguiu achar a pousada que eu estava hospedado em Cabo Frio e me deu a notícia. Era um domingo, e a notícia era mais ou menos assim, “você passou no vestibular, a matrícula é na segunda.” Foi a melhor wake up call que já recebi na minha vida, até agora.
Sabe, eu acho que deveria ser proíbido o sujeito fazer faculdade no mesmo estado em que mora. É tão bom morar em república. Você aprende sobre a vida até mais do que se aprende sobre aquilo que você estuda na faculdade. Lembro-me por exemplo de falar com minha mãe ao telefone certa vez, depois de uns sete ou oito meses que já morava em campinas, e minha mãe perguntando, “meu filho, tá trocando a roupa de cama?” foi aí que eu aprendi que roupa de cama se troca. Não é só isso, você aprende que louça não é auto-limpante, que copo sujo dá mais cria do que coelho, e outras coisinhas mais.
No aspecto sentimental, eu como sempre, me dei mal. Se existe uma época da vida em que você não deve ter uma namorada, é durante a faculdade. Pois eu, que nunca conseguia, fui conseguir uma justamente nos primeiros meses de vida em Campinas. Bom, é claro que a coisa não foi tão fácil assim. É claro que minha marca característica, a falta de jeito, estava lá. Existia essa menina na igreja que eu freqüentava (dane-se a reforma ortográfica), que nunca tinha namorado, tinha a fama de ser difícil, já tinha dado o toco em todo mundo. Ora, eu que comecei a levar tocos já aos sete anos de idade, não me preocupava muito com isso. Segundo, um bom levador de toco sempre investe nas mais difíceis, porque assim o toco é menos dolorido, o que não pode é levar toco de brucutu. Assim sendo, convidei-a para um cineminha, coisa e tal, e eu sem saber direito o que fazer. Então na saída, já dentro do carro eu pensei. “tenho de pensar em algo inteligente pra falar logo, senão já era” e aí eu saí com a clássica “então, quer namorar comigo?” hehehe, eu acho que eu fui a última pessoa do século 21 a falar isso, mas enfim. Ela disse “não, quer dizer, talvez, não sei” e aí começou a falar um monte de coisas que eu não consegui entender. Levei-a pra casa, e antes dela sair do carro, perguntei só pra confirmar “mas então, você disse mesmo foi sim ou não?” hehehhe, tinha sido sim. É que mulher é coisa complicada…
Na faculdade a nossa turma era grande, e do nosso grupinho, só uma pessoa era de Campinas, a Gisela. Gisela Pizzatto é uma pessoa a quem eu devo muito, mas muito mesmo. Ela copiava a matéria do quadro pra mim, (sim, eu tinha preguiça de copiar) ela assinava as listas de presenças das aulas que eu passava na cantina e o mais importante, eu filei inúmeras bóias na casa de Giselinha, contando com a hospitalidade de dona Teca e companhia, tudo o que eu tinha de fazer era tocar um pouco de hey jude e let it be em um piano que eles tinham lá e ninguém tocava. Além de Gisela, Tião, Joel, Raíssa, Andrea, Cintía, vivis, e tantos outros faziam parte do nosso círculo de amizades mais próximo. Eu, Gizeggs, Tião, Joel e Andrea e Raíssa sempre trabalhávamos em grupo, quando havia trabalhos de grupo a se fazer. O mais memorável foi um seminário sobre o livro Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre. Não lemos o livro, e no dia do seminário resolvemos nos juntar umas horas antes pra tentar inventar alguma coisa. A reunião foi na minha casa, e alguém achou uma fita de um filme em que o Arnold Schwaznegger ficava grávido, acho que o título era “júnior” e resolvemos assitir ao invés de preparar o seminário.
Na república, morávamos eu, Frog, Júnior, Denílson, Léo, gasparzinho, Feu, Silvinho e Frog Boy. Todos morando longe de casa, sentíamos muitas saudades de nossas famílias. Por isso mesmo de quando em quando fazíamos coisas como a nossa versão do amigo secreto, o ‘inimigo secreto.” No inimigo secreto, você tinha de sacanear, secretamente, a pessoa que você tirou por uma semana. O frog tinha uma televisão no quarto, e seu inimigo secreto desmontou a televisão e colocou um despertador lá dentro para despertar as 4 da madrugada. O frog, que era super fresco e acordava com qualquer coisa, quase morreu. Eu tinha um jipe, e um dia de manhã eu tava indo pra Unicamp e percebi que todo mundo olhava pra mim. Quando cheguei na Unicamp vi que na grade da frente do Jipe tinha uma cueca gigante amarrada.
Quando eu entrei na faculdade queria ser arqueólogo. Fui a uma expedição arqueológica, e não gostei muito. A última coisa que eu queria era ser professor, porque como todo mundo sabe ser professor significa uma vida de probreza. Uma vez, em uma aula de história dos Estados Unidos, fiquei responsável por apresentar um seminário sobre um livro de Martin Luther King, chamado “why can’t we wait”. Eu gostei do livro, e apresentei um baita de um seminário, que me rendeu um 10,00. Quando eu estava na cantina comemorando meu sucesso acadêmico com meus colegas, a professora passou por mim e disse “seu seminário foi muito bom, você comunica muito bem, você tem de ser professor.” Esse foi o ponto de virada pra mim, quando eu realmente comecei a pensar no assunto. Hoje, cá estou, professor.
Sabe, haveria tantas coisas mais pra contar, mas sei que o post já tá longo demais, e que talvez ninguém tenha conseguido chegar até aqui sem pular grandes parágrafos. Então para terminar essa trilogia, eu só queria dizer que falei assim por cima da minha vida de estudante, pra vocês entenderem porque eu quis ser professor. Na escola eu passei os dias mais felizes da minha vida, na escola eu me apaixonei, levei tocos, fui CDF, fui vagabundo e sobretudo, fiz amigos, muitos e bons, e verdadeiros amigos. Acho que ser professor foi um jeito de voltar a viver a vida de escola, mesmo velho. E é gratificante, porque eu vejo meus alunos passando por tudo que passei, vejo alunos apaixonados, vejos outros chorando pelos cantos chorando os amores contrariados, vejos alunos revoltados com o sistema, vejo alunos estudando como loucos para passar em uma boa universidade, e aí eu me vejo um pouquinho, em cada um deles. E vendo esse blog, me dou conta de que isso nada mais é do que as minhas memórias de estudante de agora, uma quarta parte, que estou escrevendo aos poucos.

Respondendo:

Ruth, Beijis priminha, fiel companheira estudantil love u 2 chuchu!

Kobelus: pior que eu lembro da gente tocando no batista!

Diego: Fotos do jipe eu tenho, do peru de pet shop não... Um abraço!

Sarah: Pois é, bons tempos em que nas provas tudo o qeu precisávamos era de uma guria bonita!

5 comentários:

Koběluš disse...

caramba, me vi na sua história quando vc falou de ir com a calma de um franco-atirador. Só que eu chamo de "a calma da ignorância".
Até na parte do "ninguém levava fé..."
hauahuahau
Espero ter o mesmo resultado que você.
impressionante as semelhanças. Até no que diz respento a "lucrar com a música".
Pode me colocar na lista dos estudante que passaram pelo mesmo que você passou.

ahh, gostei da observação:"dane-se a reforma ortográfica"(sou totalmente contra).
Cara! inimigo oculto, a quanto tempo eu não brinco disso!

abração professor

Unknown disse...

Oi, amiguinho!
Agora sim, meu filho! Mérito para o CETEBÃO do coração q foi o q te deu base para passar no vestibular.
Justiça seja feita!
Será q a garota do ônibus é quem eu tô pensando?? Mas vale deixar registrado q eu, como mulé, sabia o q se falava nos banheiros femininos e um assunto q rondava era: a bunda do Tafizinho!!! Vou deixar registrado aqui para todos saberem, não fique tímido.
Bjoca!

Unknown disse...

posts gigantes!!!
mas hoje eu li tudo, afinal estar a toa na vida tem dessas vantagens...
acaba q vc sempre tem tempo livre!
sauades e ri mto de vc!
bjks

Dinofours disse...

"sei que o post já tá longo demais, e que talvez ninguém tenha conseguido chegar até aqui sem pular grandes parágrafos."

NA verdade eu fiquei bem triste quando o post acabou. Tava adorando as histórias!
ahsauhsiauhsauihsaiuh
gostei bastante, parabéns.

Sarah Nogueira disse...

Que isso, Davizinho, depois vc virou um Latin Lover!!
E isso bem antes do "poder do jaleco"!!!hahahahaha
Beijos