terça-feira, 6 de janeiro de 2009

o turista oculto


Boas. Agora mais descansado posso falar melhor da viagem. Eu nunca viagei com grupo, tipo excursão Stella Barros, primeiro porque eu não acredito em 10 cidades em 7 dias, segundo porque eu sou um turista peculiar, gosto de visitar coisas e lugares estranhos, que nem sempre estão nas rotas das empresas de turismo. Em Praga o lugar que eu queria porque queria visitar era esse aí ao lado, a casinha azul,onde morou Franz Kafka, o grande escritor Tcheco. Não sei bem o porquê dessas coisas, mas enfim, se o turista sou eu eu quero visitar o que eu bem entender certo? A casa de Kafka é em uma rua antiga de Praga (1597), a menor, com as menores casas, adjacente ao castelo do rei e que ele mandou fazer para presentear os guardas do castelo, que eram 24 e não cabiam todas em casas normais nessa rua, por isso as casas saíram menorzinhas. Essa rua se chama golden Lane alguma coisa, porque aqui, segundo a lenda, moraram muitos alquimistas, aqueles que queriam transformar simples metal no mais nobre deles, em ouro.


Outro lugar que eu queria visistar era esse cemitério aí ao lado. é o Vyšehrad cemitério em Praga, lugar de descanso dos artistas e boêmios da Bohemia, entre outros o compositor Dvorak. Bem bonito, perto do castelo com o mesmo nome eu visitei essas áreas no meu último dia em Praga, e foi uma das áreas que eu mais gostei, até porque ali não haviam tantos turistas! O resto de Praga estava infestado, ouvia-se muito inglês, francês, polonês e, pasmem, português do Brasil. Eu não cheguei a falar com nenhum brasileiro não porque achava legal ficar escutando sem saber que as pessoas soubessem que eu entendia. Em um restaurante teve um grupo de 4 amigos discutindo por horas o que era cabbage (repolho), porque eles queriam pedir um prato e um dos ingredientes era cabbage. Eu quase que dei uma mãozinha e falei "cabbage é repolho moçada" mas resolvi ficar na minha e fingir que não sabia de nada. Eu acho que a maioria do povo devia achar que eu era indiano, ou algo do tipo, mas os mais sem noções foram um cara que queria me comprar euros e a mulher do hotel. O cara já começou a mandar ver em espanhol, eu perguntei pra ele, "você acha que eu sou da onde?"e ele "você é espanhol né?" hum... Mas o prêmio sem noção mesmo ficou pra mulher no hotel, que tava falando alguma coisa em polonês/tcheco com a Monika, e virou pra mim e perguntou alguma coisa, a Monika falou "ele é brasileiro" e a mulher "Ah, achei que ele fosse polonês, com bronzeado!"AFF...


Em Varsóvia eu quase deixei o pessoal louco porque eu queria ver o lugar onde tá enterrado o coração de Choppin. Bom, a Polônia tem muitos cidadãos ilustres, como Copérnico, Ian pavel (hehe, João Paulo), e por aí vai, mas o Choppin pra mim foi o mais malandro e político, na hora da morte, em Paris, para agradar gregos e baianos disse "enterrem meu corpo e, Paris, mas meu coração, ah, meu coração enterrem em Varsóvia!" Bom, como todo mundo tem medo de contrariar defunto, aí, na igreja da cruz sagrada repousa o coração do Frederico. mas essa igreja tem um significado especial, a foto em preto e branco e da época do levante de Varsóvia. Nenhuma cidade européia sofreu mais com a guerra do que Varsóvia, foi invadida no primeiro dia de guerra, 1 de setembro de 1939 e ficou sobre invasão dos nazistas até 1945. Em 1944 o povo da cidade soube que as tropas de Stalin estavam do outro lado do rio Vistula. Junto com o governo que estava no exílio em Londres, juntaram as últimas forças para expulsar os nazistas. Conversaram com Stalin que mandou dizer "podem mandar ver, assim que vocês começarem eu mando as minhas tropas invadirem para ajudar vocês." Bem, os caras fizeram o levante, expulsaram os nazistas e ficaram livres por 5 dias, mas Stalin nada de mandar as tropas dar apoio. É que ele pensou "se eles vencerem agora, o governo no exílio, sob influência de Londres, é quem vai mandar lá, e isso eu não quero..."assim, os nazistas se reorganizaram e destruíram o levante, e Hitler ficou tão puto da vida com os poloneses que deu a ordem "risquem o nome de Varsóvia do mapa da europa" como resultado, os caras dinamitaram tudo, tudo mesmo, inclusive essa igreja, e a foto do cristo no chão é desse momento. Depois da guerra veio a recosntrução, colocaram, o Cristo de volta, em pé, como símbolo da Polônia que se reerguia, só que dessa vez ainda sob mando de Stalin... O resultado é uma cidade que, as vezes parece antiga, as vezes parece Brasilia, com sua arquitetura comunista, reta, enfim, interessante...


3 comentários:

Sarah Nogueira disse...

Ah, Dvorak. Definitivamente o compositor com o melhor nome de se pronunciar... pelo menos a pronúncia que o Leandro me ensinou, hehehe. Mas mesmo que não seja certa, é legal!! Boas as fotos e muito boas as histórias.
Beijos

FLÁVIO NOGUEIRA disse...

poxa, polonês, gostei mais da história de indiano. hehehe,

Koběluš disse...

mt legal David,
meus avós também estiveram na casa de Kafka...
hauahuahhau mt boa a história do polaco bronzeado!
abraço