Far away, so close

FAUSTAO JAPONES

Ontem foi Domingo. Quando acordei eu achei que fosse presenciar uma tipica manha de domingo, com as pessoas andando despreocupadas lendo revistas nas bancas de Jornal. Ledo engano. Primeiro, porque nao ha outras pessoas aqui que parecem andar como eu, sem um rumo definido. Todos parecem estar indo ou vindo de algum lugar. Segundo, pelo que jah vi ateh agora, nao ha bancas de revistas por cah... terceiro, o dia de domingo eh um dia como outro qualquer por aqui. As lojas estao abertas como em um dia qualquer e as pessoas estao comprando, como um dia qualquer.
Depois de comprar o meu jah tradicional latte no seven eleven da esquina, entrei em uma loja de departamentos para ver roupas... sai rapido antes que uma vendedora qualquer quisesse falar comigo. Passei no supermercado para comprar sabao em poh e outras coisinhas que estavam faltando, no caixa a mulher olhou pra mim e desatou a falar um monte de coisas, eu apliquei a minha jah velha e vitoriosa tatica, olhei para ela e disse Rai! eu acho que ela devia tah perguntando se eu queria uma sacola pra colocar as coisas, ou talvez se eu tinha encontrado tudo que precisava na loja, nao tenho a minima ideia, soh sei que olhar e falar Rai tem funcionado...
O supermercado aqui eh engracado, tem umas televisoeszinhas que ficam passando as propagandas dos produtos. Hoje eu comprei tambem um chocolate muito bom, quando voces vierem ao Japao comprem, se chama dart, jah virei fa.
Na volta, depois de comer o meu miojo de alomoco, resolvir que era hora de criar coragem e passar e lavar roupa. Acho que nao ha nada no mundo pior do que isso. Alias acabo de lembrar que minha roupa deve estar ateh agora na maquina de secar... fiquei a tarde toda envolvido com essas atividades domesticas. Jah no final da noite fui dar uma volta com Veselyn pela cidade. a gente acabou indo por um lado que nunca tinha ido antes, e chegamos a uma especie de centro comercial cheio de lojas elegantes, tipo gucci, louis Vitton, Ralph Lauren e etc. Havia muita gente na rua, me senti meio entre Loas Angeles e Pequim. O Veselyn, que havia ido ateh a universidade pela manha, estava impressionado porque na universidade parecia que era um dia comum, e nao um domingo... Aqui no Japao, a noite, quando voce passa perto das arvores, ouve aquele monte de grilos cantando... eh muuuito bacana, soh que eh artificial... na verdade sao alto falantes com canto de grilo gravado... A　gente saiu de casa umas 20:30, fomos andando, conversando e nos perdendo... soh conseguimos achar a casa de volta as 24:30...
Nessa epopeia noturna por Nagoya eu ainda encontrei uma maquina que vende Guarana... pode? A globalizacao nao deixa nem a gente sentir saudade de casa! O pior que o Guarana nao eh ruim, parece com o Kuat, mas nao eh da coca nao, e na embalagem vem escrito `feel the real brazilian flavour...` Alias, estando aqui do outro lado do mundo, eu tenho tido algum tempo pra filosofar. Fiquei pensando na minha despedida, em como eu ia almocar com fulano, conversar com ciclano, prestei mais atencao aos meus alunos... coisas que deveria ter feito antes. mas quando a gente tah ai, envolvido na correria do dia-a-dia, nao para pra fazer. Agora eu recebo diariamente emails, scraps, e me sinto muito perto de todos voces, embora esteja tao longe. De repente a modernidade fez isso com a gente, deixou quem tah pertinho da gente longe, por conta da correria e da falta de tempo, mas quem tah longe perto... eh como a musica, far away, so close, eh como eu me sinto, pertinho de voces, apesar de longe. Agora vou dormir, amanha eh feriado aqui no Japao. To curioso pra saber como eh um feriado japones...